Deixar a vida física em plena juventude é inadmissível para muitas pessoas.
A lógica deve ser o esperado.
Primeiro os mais vividos.
Selma fugiu ao contato da lógica.
Num ato de infelicidade, antecipou a conclusão dos seus dias de vida física, com o puxar de um gatilho, ferindo-se na cabeça.
Custou-lhe essa atitude muitas horas na UTI do Hospital Bartira, em Santo André, SP perfazendo alguns dias de sofrimento até a sua desencarnação.
Os pais, desconsolados, procuram encontrar as razões que a levaram a esse ato infeliz.
Num repasse ligeiro das circunstâncias e na posição em que se encontravam, no abalo da fé e seguidora fiel da Igreja Adventista do 7.º Dia, no resvalo do apoio, procurou o amparo onde pudesse encontrar.
A palavra de conforto e a ânsia de notícias levam sua mãe Júlia a procurar, no estudo da Doutrina Espírita, o lenitivo para suas dores.
Através dos novos conhecimentos adquiridos e de ter ouvido muito falar de Chico Xavier, não suportando mais a angústia que lhe ia no coração, resolve procurá-lo. Dirige-se a Uberaba e, por várias vezes, retornou com a frustração e, ao mesmo tempo, com a esperança de uma próxima vez.
Na fé e na certeza de que seria atendida pelos Amigos e Benfeitores Espirituais, continuou suas viagens a Uberaba e encontra no Dr. Eurípedes Higino dos Reis, o amigo que a ampara, encaminhando-a ao Grupo Espírita da Prece, na reunião do Evangelho. Através de Chico Xavier, vê confirmada a presença de sua filha Selma nas letras abençoadas de sua mensagem.
Desde então, procurou seguir o que o seu coração pediu. O Grupo de Ideal Espírita, acolhe esta aluna para os ensinamentos Evangélicos de Jesus e Kardec.
A gratidão cresce em seu coração.
As preces passam a ser uma constante.
Os ensinamentos recebidos, definitivamente, criam a forma balsamizante do reconforto e da fraternidade.
Chico, em seus livros psicografados, é a esperança para que se reencontrem os familiares no trabalho Evangélico, representando o símbolo da fé e do amor em suas vidas.
Identificando-se com as outras famílias, Dona Júlia colabora com o seu pensamento e trabalho.
“Chico Xavier, com suas palavras e os seus exemplos, recompõe com a esperança os nossos momentos de fraqueza.
“O medo do amanhã, a solidão, perderam o seu valor, porque sabemos não estar mais sozinhos.
“Elucida-nos e encoraja-nos a enfrentar, com paciência, os problemas que surgem em nosso caminho de provas remissoras.
“Quem ainda não conseguiu um contato com o ente querido, por amor a ele, não se desespere. Procure o trabalho da caridade.”
ESCLARECIMENTOS NECESSÁRIOS DE PESSOAS OU FATOS CONSTANTES NA MENSAGEM ESPIRITUAL
SELMA RODRIGUES SANCHES: Nascimento: 04 de março de 1969 — Desencarnação: 07 de abril de 1985 — Idade: 16 anos.
PAIS: Ribeiro Sanches e Júlia Rodrigues Sanches — Rua Boa Vista, 384. Santo André, SP.
IRMÃ: Telma Rodrigues Sanches.
TIA: Amália Sanches, desencarnada em 04-03-1944.
NAMORADO: Marcelo Bisinha.
CUNHADO: Eduardo Paulino de Souza.
Obs.: Antecipamos os nomes de pessoas ou fatos, para melhor identificação na leitura da mensagem espiritual.
Mensagem
1 Mãezinha Júlia, abençoe-me.
2 Eu não saberia descrever as minhas impressões de horror, depois de haver feito levianamente a tentativa de tiro com a arma que me desapropriou a existência terrestre.
3 Estou aqui, acompanhada pela tia Amália Sanches que vem assumindo diante de mim o papel de generosa mãe, suportando sem qualquer censura a inconsequência do meu gesto.
4 Acontece que naquele dia infeliz comecei a pensar no casamento da Telma e deixei que a melancolia se me apossasse do íntimo. 5 Senti o gosto amargo da solidão antecipadamente e perdi grandes oportunidades de aprendizado, aqui com a agravante de adquirir o remorso que me encegueceu para a trilha da aurora.
6 De que modo me descartarei dos sofrimentos que eu própria, impensadamente, instalei por dentro de minh’alma, ainda, creio, não sei como fazer.
7 O Eduardo não teve qualquer culpa. Eu própria vasculhei recantos e gavetas, até encontrar a arma que me pareceu uma joia admiravelmente talhada.
8 Experimentá-la foi o meu grande desastre e desconheço de que maneira iniciarei o meu esforço de rearticular o meu próprio controle.
9 Pedir perdão aos queridos pais, à irmãzinha e ao nosso amigo que nos honra a família, a meu ver, é a primeira medida para expungir a sombra que se condensou por dentro.
10 Preciso pensar nas causas de minha tristeza congênita, de meu desinteresse pela existência, o que significa, aos meus olhos, desrespeito às Leis de Deus.
11 Não tenho ainda visão ampla, capaz de senhorear os quadros que me cercam.
A querida tia Amália Sanches é que se me fez o guia para movimentar-me.
12 Perdoe, mãezinha Júlia, a sua filha que se deixou dominar pelas influências infelizes que me rodearam, como que me impelindo ao gesto fatal.
13 Sofro muito, em consequência de minha inadaptação à vida. E a verdade é que a vida na Terra era a melhor escola de que poderia dispor, a fim de chegar aqui sem os problemas constrangedores que me arrasam as energias.
14 O suicídio é uma calamidade para quem o pratica, de vez que suscitado por nossas próprias mãos o processo de sofrimento, não conseguimos prever o ciclo de provações a que teremos todos os sentimentos aprisionados numa rotina em que, diariamente, se nos refaz o martírio.
15 Perdoem-me em casa se lhes falo com esta linguagem de angústia. Não tenho outra para expor o meu íntimo carregado de frustrações. Ainda assim, espero em Jesus que jamais nos abandona.
16 Agora que me entrego à oração com todas as minhas forças, reconheço que recusar a vida que Deus nos concede, é uma lesão da própria vida em nós e isso me aflige e quase me faz desesperar ao mesmo tempo.
17 Mãe, a tia Amália Sanches tem me falado de obsessões que nos seguem através de longas fases de nosso caminho e compreendo que fui vítima da cilada que me armaram, mas não quero isentar-me da culpa que se faz em mim complicado processo de perturbação e dor.
18 Peço-lhes vibrações de paz, a fim de que me tranquilize, tanto quanto possível, para refletir em recomeço do meu adestramento em resistência espiritual, porque já entendo que regressarei à Terra para transitar em caminhos iguais à estrada que abandonei indevidamente.
19 Em suma, desejo ao seu coração querido e a todos os nossos entes amados a felicidade que ainda não tenho para mim e compareço ante a família que me deu tanto amor, à feição da mendiga de afeto e compreensão em que presentemente me tornei.
Espero melhorar-me. Deus, que a ninguém menospreza, me renovará as energias para que me reencontre.
20 Muito amor para Telma. Meus pensamentos de ternura e carinho para o Marcelo que se me faz agora um credor de minha mais alta gratidão.
21 Muitas lembranças para a nossa casa que tornei quase infeliz e, agradecendo a sua bênção que me refaz a esperança de melhores dias, sou, com meu pai, como sempre, a sua filha, mais sua por ser aqui o coração desolado que lhe pede continuar, sempre, nas orações da necessária renovação.
Selma Rodrigues
Rubens S. Germinhasi
Essa mensagem foi publicada originalmente em 1986 pela editora GEEM e é a 14ª lição do
livro “Intercâmbio do bem ”