1. No local onde nos encontramos, muito profundo e crescente é o nosso interesse pelos estudos, os quais vão sendo aperfeiçoados por nós, ao preço de iniciativas difíceis, mas esclarecedoras, e de experiências nem sempre conquistadas facilmente.
2 Como já tive ocasião de observar, as minhas atividades se desenvolvem em um grande núcleo de entidades que se dedicam apenas aos problemas de socorro espiritual a todas as almas que sofrem e se redimem na Terra, no cadinho das renúncias e dos grandes sacrifícios.
3 Ultimamente, temos estado reunidos em extraordinários movimentos, junto à ponte a que já me referi n e que atravessa a distância incomensurável que separa o vosso orbe da primeira Esfera que lhe é concêntrica. São inúmeros os Espíritos que se debatem do lado oposto àquele em que nos encontramos, esforçando-se para realizarem a difícil travessia.
2. São muito dolorosos os espetáculos que vimos presenciando porque essas almas perturbadas e fundamente sofredoras estão constituindo uma turba imensa de alucinados e de loucos. 2 Muitos dos nossos companheiros atravessam corajosamente o abismo (em certas ocasiões esses movimentos oferecem perigos para os Espíritos pouco experientes de minha Esfera, perigos esses de natureza fluídica, condizentes portanto com os elementos de nossa matéria e de nossa organização) mas são baldados os seus esforços, no sentido de consolar essas criaturas amotinadas.3 Figurai alguém sob o império de um sofrimento indescritível; a dor lhe impressiona de tal maneira, desorganizando-lhe a faculdade sensorial, que semelhante criatura é incapaz de ouvir o consolo fraterno ou a amiga exortação. 4 É talvez devido a esse estado de extrema perturbação que as almas aflitas, em cujo socorro estamos ocupados, não nos ouvem, entregando-se às mais dolorosas imprecações. Súplicas, brados angustiosos, soluços, gemidos, repercutem junto de nós e temos procurado no refúgio da prece a Deus, os recursos necessários para essas coletividades espirituais, egressas do planeta nestes últimos dias. 5 São muito raras as individualidades que conseguem ouvir o nosso chamamento ou apreender as nossas observações.
3. Temos aqui instrumentos semelhantes a barcos salvadores, onde alguns Espíritos conseguem se transportar para o nosso meio, para se entregarem a tratamento e a repouso que lhes são necessários, porém, as condições psíquicas dessas almas são muito lamentáveis. 2 Muito comovedores são os gritos maternos, as preces fervorosas e angustiadas que temos ouvido, filhas do peito opresso, de mães infelizes. 3 A todos buscamos oferecer o concurso de nossa assistência, todavia é difícil lograrmos um resultado imediato e efetivo. 4 Não obstante a incompreensão, com a qual somos geralmente recebidos, ainda temos conseguido evitar muitos males e afastar muitos infortúnios, dentro das possibilidades de nossa influência indireta.
4. Interpelemos os mestres que nos dirigem sobre os quadros dolorosos a que vimos assistindo, com infinita mágoa, em virtude das derradeiras lutas fratricidas que se vêm desenrolando na superfície do planeta.
E os nossos venerandos mentores espirituais sempre nos elucidam, explicando que a Terra se acha em vias de conhecer um novo ciclo evolutivo. 2 Explicaram-nos então que esses movimentos objetivam não só o cumprimento exato das provações individuais e coletivas dos homens e dos povos, como também representam um trabalho de drenagem sobre as multidões humanas, selecionando as almas então encarnadas nesse mundo.
5. Os nossos mestres nos falaram das grandes correntes migratórias que modificam as civilizações, asseverando que o mundo atual se encontra à beira desses movimentos inevitáveis. Compreendemos então que todos os progressos da civilização terrestre dependem da economia, sobre cuja base repousa todo o edifício da organização social.
2 Soubemos assim que, em tempos remotíssimos, quando o planeta se encontrava em vésperas de inaugurar uma nova posição progressiva, ocorreu o deslocamento das raças arianas que invadiram os territórios europeus. 3 O congestionamento de certos países, o problema da economia regulamentada, a necessidade de expansão que muitas nacionalidades experimentam nos tempos modernos, constituem uma determinação desesperada dessas correntes migratórias, cuja passagem é assignada por guerras destruidoras, ensaiando novas soluções para as magnas questões da vida coletiva.
3 Afirmam, portanto, os nossos guias que apenas começamos a presenciar os grandes acontecimentos que terão de ocorrer fatalmente nos anos vindouros. As raças amarelas e determinados núcleos da civilização ocidental requerem expansão e uma nova fonte econômica para a solução dos problemas que os assoberbam; e, nesses movimentos dolorosos, mas necessários, a humanidade se depura, aperfeiçoando-se cada vez mais para o seu glorioso futuro espiritual. 4 Reconhecendo-se embora tudo isso, para as almas dotadas de pouca experiência, com respeito a esses enigmas dos povos, os quadros isolados, como nos é dado conhecer, são profundamente angustiosos.
5 Mas a dor, a dor soberana que aí na Terra dobra toda a cerviz e subjuga todas as frontes, essa está igualmente aqui conosco, na aquisição de ensinamentos, exercendo a sua função de remodelar e de aperfeiçoar para a glória suprema da vida.
6 Todavia, Senhor, vós que sois a grandeza e a misericórdia suprema do Universo, estendei vossas mãos magnânimas para a Terra, mansão de sombras e de provações, onde irmãos nossos se entregam ao mais proveitoso dos aprendizados. 7 Dai-lhes fortalezas de ânimo e resignação para os embates com a adversidade dolorosa, alçando os seus olhos para os vossos impérios resplandecentes, onde compreendemos as luminosas afirmações da Vida Espiritual. 8 Protegei-os a todos, Senhor, integrando as suas consciências no caminho retilíneo da salvação e os seus entendimentos na compreensão profunda das vossas leis.
Que a Terra conheça a nova era do amor e da fraternidade espiritual.
Maria João de Deus
[1] “Junto à ponte a que já me referi…” Não encontramos essa referência; vide porém: A escada de luz. — Vide
no livro Voltei: A ponte iluminada.