1 Aceitemos a dificuldade por mestra amorável, se esperamos que a vida nos entregue os seus tesouros.
2 Sem a porta estreita do obstáculo não conseguiríamos medir a nossa capacidade de trabalho ou ajuizar quanto à nossa fé.
3 As lições do próprio suor são as mais preciosas.
4 Os ensinamentos hauridos na própria renúncia são aqueles que se nos estampam na alma, no campo evolutivo.
5 Ouvimos mil conselhos edificantes e sorrimos, ante o fracasso iminente.
6 Basta, porém, por vezes, uma pequena dor para que se nos consolide a cautela à frente do perigo.
7 Com discernimento louvável improvisamos prodigiosos facilitários de felicidade para os outros, indicando-lhes o melhor caminho para a vitória no bem ou para a comunhão com Deus, entretanto, à primeira alfinetada do caminho sobre nossas esperanças mais caras, habitualmente, nos desmandamos à distância do equilíbrio justo, espalhando golpes e lágrimas, exigências e sombras.
8 Saibamos, no entanto, respeitar na “porta estreita” que o mundo nos impõe o socorro da Vida Maior, a fim de que possamos reconsiderar a própria marcha.
9 Por vezes, ela é a enfermidade que nos auxilia a preservar as vantagens da saúde, 10 em muitas fases de nossa luta é a incompreensão alheia, que nos compele ao reajuste necessário; 11 em muitos passos da senda é a prova que nos segrega no isolamento, impelindo-nos a seguir pela escada miraculosa da prece, da Terra para os Céus…
12 Por vezes é o abandono de afeições muito amadas a impulsionar-nos para os braços do Cristo; n 13 em variadas circunstâncias, é o desencanto ante a enganosa satisfação de nossos desejos na experiência física, inspirando-nos ideais mais altos; 14 e, em alguns casos, é a visitação da morte que nos obriga a refletir na imortalidade triunfante…
15 Por onde fores, cada dia, agradece a dificuldade que nos melhore e nos eleve à grande renovação.
16 Jesus não escolheu a larga avenida do menor esforço.
Da Manjedoura ao Calvário, movimentou-se entre os obstáculos que se transfiguraram para Ele em degraus para a volta ao Pai Celestial e, aceitando na cruz, a sua maior mensagem de amor à Humanidade de todos os séculos, legou-nos, com exemplo vivo, a porta estreita do sacrifício como sendo o nosso mais belo caminho de paz e libertação.
Emmanuel
[1] No original: “de Cristo” — Vide explicação de Allan Kardec sobre a anteposição do artigo à palavra Cristo.