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Livro de Job


TEMAS CORRELATOS: Antigo Testamento. | Job.

O livro de Job é um livro poético do V. T. que conta a história dos sofrimentos de Job, do argumento continuado entre ele e seus amigos relativamente às razões dos seus sofrimentos, e da solução do problema. Não se sabe se o poema foi escrito durante o tempo de vida de Job ou mais tarde. O prólogo (1 a 3), as introduções às várias falas e especialmente à fala de Eliú (32.1-5), e o epílogo narrando a prosperidade de Job nos seus últimos dias sob as bênçãos de Jeová (42.7-17), estão em prosa.


Na abertura do livro, Job é representado como muito próspero, possuindo muitos rebanhos, um grande número de servos, e uma numerosa família. É permitido a Satanás tentar a fé em Deus de Job, primeiro por deixá-lo despojado das suas posses, e sua família ser-lhe roubada. Quando estes meios fracassaram, Satanás foi mais além, causando a Job muito sofrimento físico. A fé de Job triunfa acima de todas dificuldades, e ele finalmente é restaurado a mais que sua anterior prosperidade.


O livro entre a introdução e conclusão pode ser dividido em três partes principais, cada uma pode estar novamente dividida em três partes secundárias. A introdução descreve a prosperidade e a condição feliz de Job. Na primeira parte, primeiro subtítulo, encontra-se descrita a primeira aflição de Job, a perda da sua propriedade e da família; sob o segundo título vem a segunda etapa da aflição, o ataque à pessoa de Job e sob o terceiro título, a vinda de seus três amigos para exprimir condolências a ele. A segunda parte contém os argumentos entre Job e seus três amigos, ele é triplo, cada amigo fala três vezes (exceto o terceiro que fala duas vezes), e Job responde a cada um. Ela dá forma à parte principal do livro onde os três amigos discutem na base de que a aflição é sempre e necessariamente um resultado do pecado, e enquanto Job aceita este princípio geral, mas nega sua aplicação a ele mesmo, resultando daí equívocos, onde os locutores estão longe de uma solução da situação tanto no fim como no princípio. Primeiramente, Elifaz começa o argumento expressando a geral iniquidade do homem e insinuando, em lugar de afirmar corajosamente, ser esta a situação especial de Job; este responde-lhe, declarando sua inocência. Secundariamente, Baldade continua no mesmo estilo, insistindo que o Senhor não pode ser injusto, consequentemente o homem é que deve ser o culpado. Job responde como antes, que é inocente, apelando para Deus aliviar seu fardo de aflição. Em terceiro lugar, Sofar segue com o mesmo argumento, acusando mais diretamente que Job deve ser um pecador. A segunda série de discursos (12 a 20) começa agora. Os mesmos argumentos são repassados pelos oradores na mesma ordem, os amigos tornam-se mais veementes e impacientes com o que eles consideram uma obstinação de Job. Na terceira série (21 a 31) Elifaz acusa abertamente Job de pecado secreto. Depois da negação sincera de Job, Baldade volta atrás para a posição anterior, e Sofar guarda silêncio.


Durante todo o decurso destas argumentações Job esteve profundamente ciente de sua própria integridade, mas ele não pode entender a aparente severidade de Deus para com ele. Sua luta interna torna-se mais intensa quando sua situação exterior parece mais desesperadora, mas ele permanece firme na sua determinação de confiar em Deus, quaisquer que sejam os acontecimentos. Então um pensamento sobrevém a ele, de que na hora própria que praza a Deus, ele será justificado. Ainda que não possa ser nesta vida, mas ela certamente virá. Ele carrega consigo uma convicção de imortalidade, com a declaração: “Eu sei que o meu remidor vive, e que eu no derradeiro dia surgirei da terra; e serei novamente revestido da minha pele, e na minha própria carne verei a meu Deus”, Job alcança assim um fundamento no qual nada depois pode demovê-lo (19.25, 26). Na terceira parte do livro, Eliú, que até então foi um ouvinte silencioso, propõe discutir a questão sobre uma base diferente. Em vez de considerar as aflições dos homens como um castigo pelo pecado, ele declara que elas frequentemente são enviadas aos filhos de Deus como um meio de fortalecê-los e purificá-los. Elas não são, portanto, as expressões da ira implacável de Deus, mas o castigo de um pai amoroso. Eliú aparece como um mensageiro do Senhor, preparando o caminho para sua vinda, e oferecendo um argumento que Job poderia aceitar ou não. Job aceita este ponto de vista (32 a 37). Então Jeová fala e demonstra a Job que o homem conhece demasiadamente pouco para justificar as tentativas de explicar inteiramente os mistérios das leis de Deus; e Job humilha-se ante o Senhor (38 a 42.6). Finalmente, a antiga prosperidade de Job é restaurada em dobro e sua família é restituída como antes (42.7-16). O progresso coerente dos argumentos é uma forte evidência da unidade literária do livro. A suposição das interpolações ou dos suplementos são assim desnecessários porque o desenvolvimento dramático é o objetivo. Mas se o poema foi suplementado pela adição dos capítulos 32 a 37 e 38 a 42, como os estudiosos tanto contendem ou não, estes capítulos são o produto de uma mente magistral e poeta bem-dotado, a quem Deus houvesse falado, e que com uma clara introspecção retirou os erros da doutrina popular que deturpavam o ponto de vista da questão moral e das verdades básicas que Job havia descoberto e que acrescentou uma revelação mais ampla da verdade, embora não toda (32-37), e dirigiu sua atenção para a posição humilde que convém ao homem ignorante e impotente tomar à frente de Deus e dos mistérios do governo divino (38 a 41). Atrás do visível está o invisível (como é apresentado ao leitor nos dois capítulos introdutórios, 1.6-12; 2.1-6), e os disputantes haviam argumentado com total ignorância das razões dos atos divinos e da compensação preparada por Deus aos sofredores (como demonstrado ao leitor no término do capítulo 42). De fato a intenção dos argumentos nos capítulos (38 a 42.6) parece ter sido o pensamento do autor quando escreveu a passagem de abertura para seu poema, porque esclarece a introdução e a ação de Satanás no enredo, assim também as razões que podem existir para o procedimento de Deus  que estão além do conhecimento humano.  †  — (Dicionário da Bíblia de John D. Davis©


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