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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo VIII — A Evolução do Pensamento Religioso

Roteiro 1


A base religiosa da humanidade


Objetivo Geral: Dar condições de entendimento da evolução do pensamento religioso.

Objetivos Específicos: Conceituar religião, religião natural e religião revelada. — Identificar as principais características da experiência religiosa humana.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Religião é o sentimento divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas expressões mais sublimes. Emmanuel: O Consolador, questão 260.

  • Religião natural […] é a que parte do coração e vai diretamente a Deus […]. Allan Kardec: Obras Póstumas. Segunda parte, item: Futuro do Espiritismo, p. 299.

  • No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Allan Kardec: A Gênese. Capítulo I, item 7.

  • Lembremo-nos, com o devido apreço aos irmãos que esposam princípios diferentes dos nossos, de que existem tantos modos de expressar confiança no Criador quantos são os estágios evolutivos das criaturas. Emmanuel: Justiça Divina, item: Nos círculos da fé, p. 71.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Fazer uma breve exposição sobre o item 1 dos Subsídios (Conceito de Religião, religião natural e religião revelada).

  • Pedir, então, à turma que leia silenciosamente o item 2 dos Subsídios (Características da experiência religiosa humana), destacando os pontos considerados importantes.

  • Observação: durante a realização da leitura, afixar no mural da sala de aula seis cartazes que tenham como título, respectivamente, as perguntas existentes no texto.


Desenvolvimento:

  • Entregar, em seguida, a cada participante uma tira de cartolina contendo recortes dos subitens 2.1 a 2.6 dos Subsídios, solicitando a montagem dos mesmos, como num quebra-cabeça e sem consulta prévia, nos cartazes do mural.

  • Explicar que a montagem dos subitens deve levar em consideração as perguntas registradas nos cartazes.

  • Verificar se a montagem dos subitens está correta, fazendo as devidas correções, se for o caso.


Conclusão:

  • Ao término da reunião, esclarecer qual deve ser a postura do espírita perante os profitentes de outras religiões, tendo como base a mensagem psicografada Nos círculos da fé, do Espírito Emmanuel, constante do livro Justiça Divina (veja anexo).


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes realizarem corretamente a montagem dos subitens dos Subsídios.


Técnica(s):

  • Exposição; leitura; montagem de texto.


Recurso(s):

  • Subsídios deste roteiro; questões; mensagem psicografada.



 

SUBSÍDIOS


1. Conceito de religião, religião natural e religião revelada

A evolução moral da humanidade tem como base o sentimento religioso inato da existência de Deus. (16) Esta religiosidade natural de todo ser humano fez surgir no cenário terrestre múltiplas formas de experiência religiosa, caracterizadas pela concepção do sagrado e pela submissão aos poderes divinos. Dessa forma, religião pode ser entendida como a crença na existência de um ente supremo como causa, fim ou lei universal. É […] o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir, são como gotas de orvalho celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. (18) Esclarece, porém, Emmanuel, que em face da Ciência e da Filosofia, […] é o sentimento divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos. As primeiras se irmanam na Sabedoria, a segunda personifica o Amor, as duas asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da espiritualidade. (14)

Estes esclarecimentos abrangem tanto […] as religiões dos povos primitivos quanto as formas mais complexas de organização de vários sistemas religiosos, embora variem muito os conceitos sobre o conteúdo e a natureza da experiência religiosa. (10)

O estudo da evolução do pensamento religioso classifica a religião em natural e em revelada. A religião natural indica que o homem traz consigo, desde a sua origem, a ideia da existência de um Ente Superior. Os fenômenos da natureza são cultivados nas religiões naturais. Neste contexto, a adoração a Deus […] está na lei natural, pois resulta de um sentimento inato no homem. Por essa razão é que existe entre todos os povos, se bem que sob formas diferentes. (7) Sabemos, por outro lado, que o tóxico do intelectualismo, procura desacreditar esta ordem de ideias, dizendo […] que o pensamento religioso é uma ilusão. Tal afirmativa carece de fundamento. Nenhuma teoria científica, nenhum sistema político, nenhum programa de reeducação pode roubar do mundo a ideia de Deus e a imortalidade do ser, inatas no coração dos homens. As ideologias novas também não conseguirão eliminá-las. A religião viverá entre as criaturas, instruindo e consolando, como um sublime legado. (17)

É importante destacar que o […] Espiritismo é chamado a desempenhar imenso papel na Terra. Ele reformará a legislação ainda tão frequentemente contrária às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo […]; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai diretamente a Deus, sem se deter nas franjas de uma sotaina ou nos degraus de um altar. Extinguirá para sempre o ateísmo e o materialismo, aos quais alguns homens foram levados pelos incessantes abusos dos que se dizem ministros de Deus, pregam a caridade com a espada em cada mão, sacrificam às suas ambições e ao espírito de dominação os mais sagrados direitos da Humanidade. (9)

Em termos históricos, importa considerar que a […] teologia cristã introduziu o termo “revelação” — manifestação de um mistério escondido — para definir a especificidade da fé cristã, dependente de um evento histórico: o nascimento, vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Religião revelada estaria assim em oposição a religião natural, uma vez que esta corresponderia a uma atividade humana que poderia ser analisada pela Filosofia, Psicologia, Sociologia ou qualquer ciência específica de religião. (11) No sentido especial da fé religiosa, a revelação se diz mais particularmente das coisas espirituais que o homem não pode descobrir por meio da inteligência, nem com o auxílio dos sentidos e cujo conhecimento lhe dão Deus ou seus mensageiros, quer por meio da palavra direta, quer pela inspiração. Neste caso, a revelação é sempre feita a homens predispostos, designados sob o nome de “profetas” ou “messias”, isto é “enviados” ou “missionários”, incumbidos de transmiti-la aos homens. (2)


As religiões reveladas são o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, respectivamente transmitidas por Moisés, Jesus e Maomé.


2. Características da experiência religiosa humana


2.1 O que a experiência religiosa tem em comum nas diferentes culturas?

Sendo Deus o eixo de todas as crenças religiosas e o objetivo de todos os cultos, o caráter de todas as religiões é conforme à ideia que elas dão de Deus. As religiões que fazem de Deus um ser vingativo e cruel julgam honrá-lo com atos de crueldade, com fogueiras e torturas; as que têm um Deus parcial e cioso são intolerantes e mais ou menos meticulosas na forma, por crerem-no mais ou menos contaminado das fraquezas e ninharias humanas. (6)


2.2 Haverá revelações diretas de Deus aos homens?

Algumas interpretações religiosas, cristãs e não-cristãs, acreditam que Deus pode revelar-se diretamente aos homens, sem utilização de intermediários. Em relação a esta questão, Kardec analisa: É uma questão que não ousaríamos resolver, nem afirmativamente, nem negativamente, de maneira absoluta. O fato não é radicalmente impossível, porém, nada nos dá dele prova certa. O que não padece dúvida é que os Espíritos mais próximos de Deus pela perfeição se imbuem do seu pensamento e podem transmiti-lo. Quanto aos reveladores encamados, segundo a ordem hierárquica a que pertencem e o grau a que chegaram de saber, esses podem tirar dos seus próprios conhecimentos as instruções que ministram, ou recebê-las de Espíritos mais elevados, mesmo dos mensageiros diretos de Deus, os quais, falando em nome de Deus, têm sido às vezes tomados pelo próprio Deus. (4)


2.3 De que forma as verdades divinas são reveladas aos homens?

Todas as religiões tiveram seus reveladores e estes, embora longe estivessem de conhecer toda a verdade, tinham uma razão de ser providencial, porque eram apropriados ao tempo e ao meio em que viviam, ao caráter particular dos povos a quem falavam e aos quais eram relativamente superiores. Apesar dos erros das suas doutrinas, não deixaram de agitar os espíritos e, por isso mesmo, de semear os germens do progresso […]. Infelizmente, as religiões hão sido sempre instrumentos de dominação; o papel de profeta há tentado as ambições secundárias e tem-se visto surgir uma multidão de pretensos reveladores ou messias, que, valendo-se do prestígio deste nome, exploram a credulidade em proveito do seu orgulho, da sua ganância, ou da sua indolência, achando mais cômodo viver ás custas dos iludidos. A religião cristã não pôde evitar esses parasitas. (3) Assim, devemos ficar atentos, pois, haverá […] revelações sérias e verdadeiras como as há apócrifas e mentirosas. “O caráter essencial da revelação divina é o da eterna verdade”. Toda revelação eivada de erros ou sujeita a modificação não pode emanar de Deus. (5)


2.4 Onde surgiram as organizações religiosas do Planeta?

As primeiras organizações religiosas da Terra tiveram, naturalmente, sua origem entre os povos primitivos do Oriente, aos quais enviava Jesus, periodicamente, os seus mensageiros e missionários. Dada a ausência de escrita, naquelas épocas longínquas, todas as tradições se transmitiam de geração a geração através do mecanismo das palavras [tradição oral]. (12)


2.5 Qual é a mais antiga manifestação religiosa conhecida?

São os Vedas, livros sagrados da religião hindu, […] que contam mais de seis mil anos, já nos falam da sabedoria dos “Sastras”, ou grandes mestres das ciências hindus, que os antecederam de mais ou menos dois milênios, nas margens dos rios sagrados da Índia. Vê-se, pois, que a ideia religiosa nasceu com a própria Humanidade, constituindo o alicerce de todos os seus esforços e realizações no plano terráqueo. (13)


2.6 O que é culto religioso?

É a forma respeitosa de reverenciar Deus. No homem primitivo o culto se manifesta sob a forma de oferendas materiais ou de sacrifícios de seres humanos ou de animais, ingenuamente dedicados à Divindade. Não podemos esquecer, primeiramente, que nos […] povos primitivos a matéria sobrepuja o espírito; eles se entregam aos instintos do animal selvagem. Por isso é que, em geral, são cruéis; é que neles o senso moral ainda não se acha desenvolvido. Em segundo lugar, é natural que os homens primitivos acreditassem ter uma criatura animada muito mais valor, aos olhos de Deus, do que um corpo material. Foi isto que os levou a imolarem, primeiro, animais e, mais tarde, homens. De conformidade com a falsa crença que possuíam, pensavam que o valor do sacrifício era proporcional à importância da vítima. (8) O homem culturalmente mais adiantado, porém materialista, cultua Deus por meio de rituais, mais ou menos sofisticados, existentes em diferentes seitas e interpretações religiosas. Os cultos religiosos são manifestações externas da crença em Deus, […] depreendendo-se daí que a Verdade é uma só, e que as seitas terrestres são materiais de experiência e evolução, dependendo a preferência de cada um do estado evolutivo em que se encontre no aprendizado da existência humana. (15)


2.7 O que é fé religiosa?

Do ponto de vista religioso, a fé consiste na crença em dogmas especiais, que constituem as diferentes religiões. Todas elas têm seus artigos de fé. Sob esse aspecto, pode a fé ser raciocinada ou cega. Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Em assentando no erro, cedo ou tarde desmorona; somente a fé que se baseia na verdade garante o futuro, porque nada tem a temer do progresso das luzes, dado que o que é verdadeiro na obscuridade, também o é à luz meridiana. Cada religião pretende ter a posse exclusiva da verdade; preconizar alguém a fé cega sobre um ponto de crença é confessar se impotente para demonstrar que está com a razão. (1)



 

ANEXO


Nos círculos da fé

(Emmanuel)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 125. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XIX, item 6, p. 301.

2. Idem - A Gênese. Tradução de Guillon Ribeiro. 47. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo I, item 7, p. 16.

3. Id. - Item 8, p. 16-17.

4. Id. - Item 9, p. 17.

5. Id. - Item 10, p. 18.

6. Id. - Item 24, p. 25.

7. Idem - O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86 ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005, questão 652, p. 316.

8. Id. - Questão 669, p. 324.

9. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Segunda parte, item: Futuro do Espiritismo, p. 299.

10. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil e Companhia Melhoramentos de São Paulo, 1995, volume 17, p. 9558.

11. Idem, ibidem - p. 9560.

12. XAVIER, Francisco Cândido. A Caminho da Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 32. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo IX (As Grandes Religiões do Passado), item: As primeiras organizações religiosas, p. 81.

13. Idem, ibidem - p. 82.

14. Idem - O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004, questão 260, p. 157.

15. Id. - Questão 296, p. 173.

16. Idem - Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 24. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Capítulo IV (A Base Religiosa), item: A experiência que fracassaria, p. 36.

17. Id. - Item: O sublime legado, p. 37.

18. Id. - Item: Religião e religiões, p. 37.


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