Filho meu de outro tempo, armei-te de ouro e lança,
Exortei-te a sonhar: “ama, constrói, ensina!…”
E transformaste o mundo em presença assassina;
Vejo-te a trilha em fogo onde a memória alcança.
Quis ver-te reencarnado… o amor jamais descansa,
E achei-te — águia enjaulada em gaiola mofina —
Cego e mudo a esmolar e a gemer em surdina,
Trazes luto no peito e chagas na lembrança!…
Chorei ao reencontrar-te em provações supremas…
Louvo, entanto, meu filho, as ríspidas algemas
Da dor a nos zurzir, ao redor dos teus passos! …
O pranto lavará nossas culpas longevas,
E, um dia, subirás da humilhação nas trevas
Para a bênção da luz na concha dos meus braços.
Epiphanio Leite |