1 Filho meu de outro tempo, armei-te de ouro e lança,
Exortei-te a sonhar: “ama, constrói, ensina!…”
E transformaste o mando em presença assassina;
Vejo-te a trilha em fogo onde a memória alcança.
2 Quis ver-te reencarnado… O amor jamais descansa.
E achei-te — águia enjaulada em gaiola mofina,
Cego e mudo a esmolar e a gemer em surdina.
Trazes luto no peito e chagas na lembrança!…
3 Chorei ao reencontrar-te em provações supremas…
Louvo, entanto, meu filho, as ríspidas algemas
Da dor a nos zurzir, ao redor de teus passos!…
4 O pranto lavará nossas culpas longevas,
E, um dia, subirás da humilhação nas trevas
Para a glória da luz na concha dos meus braços.
Epiphanio Leite
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