Pensei que a morte ocultasse
A noite pesada e fria,
E a morte deu-me outra face
Dos sonhos de cada dia.
Acolhe, afaga e conserva
O passo sem ilusão.
Toda carne é igual à erva
Que nasce e retorna, ao chão.
Se a flama do amor te invade,
Não tentes ócio e prazer.
Amor é felicidade
A refulgir no dever.
Desfaz-se a ostra em escolhos,
Brilha a pérola na rua.
A morte nos cerra os olhos,
Mas a vida continua.
Américo Falcão |