No estudo da caridade, não olvides a esmola maior que o dinheiro não consegue realizar.
Ela é o próprio coração a derramar-se, sublime, irradiando o amor por sol envolvente da vida.
No lar, ela surge no sacrifício silencioso da mulher que sabe exercer o perdão sem alarde para com as faltas do companheiro;
na renúncia materna do coração que se oculta, divino, aprendendo a morrer cada dia, para que a paz e a segurança imperem no santuário doméstico;
no homem nobre e reto que desculpa as defecções da esposa enganada sem cobrar-lhe tributos de aflição;
nos filhos laboriosos e afáveis que procuram retribuir em ternura incessante para com os pais sofredores as dívidas do berço que todo ouro da Terra não conseguiria jamais resgatar.
No ambiente profissional é o esquecimento espontâneo das ofensas entre os que dirigem e os que obedecem, tanto quanto o concurso desinteressado e fraterno dos companheiros que sabem sorrir nas horas graves, ofertando cooperação e bondade para que o estímulo ao bem seja o clima de quantos lhes comungam a experiência.
No campo social é a desistência da pergunta maliciosa; a abstenção dos pensamentos indignos; o respeito sincero e constante; a frase amiga e generosa; e o gesto de compreensão que se exprime sem paga.
Na via pública é a gentileza que ninguém pede; a simplicidade que não magoa; a saudação de simpatia ainda mesmo inarticulada e a colaboração imprevista que o necessitado espera de nós muita vez sem coragem de alongar-nos qualquer apelo.
Acima de tudo, lembra-te da esmola maior de todas, da esmola santa que pacifica o ambiente em que o Senhor nos situa, que nos honra os familiares e enriquece de bênçãos o ânimo dos amigos, a esmola de nosso dever bem cumprido, porquanto, no dia em que todos nos consagrarmos ao fiel desempenho das próprias obrigações o anjo da caridade não precisará desfalecer de angústia nos cárceres da miséria terrena, de vez que a fraternidade pura estará reinando conosco na celeste exaltação da perfeita alegria.
Emmanuel
(C. E. Luiz Gonzaga — Pedro Leopoldo, MG, 09.09.1957)
[1] Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas, foi liberada para publicação em 1972 e publicada efetivamente em 1979 pela FEB e é a 30ª lição do livro “Ceifa de luz.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.