Dinheiro posto à margem da bolsa, por desnecessário, garante facilmente a tarefa do socorro e a construção da alegria. Impossível prever a extensão da felicidade suscetível de nascer da moeda que o amparo fraternal transubstancia em bênção de luz.
No entanto, embora reconheçamos que o dinheiro se erige por agente de apoio e consolação, não te disponhas a conquistá-lo impensadamente. Em muitas ocasiões, anseias entregar-te à prática do bem e pedes para isso que o Senhor te cumule com reservas de ouro e prata; contudo, qual acontece com qualquer conjunto de conhecimentos coordenados para os objetivos superiores da vida, altruísmo e beneficência reclamam começo e preparação. A tinta, que nas mãos do artista configura o painel, que suscita emoções renovadoras na alma, entre os dedos daquele que ignora a intimidade com o belo, pode criar a mancha que desfigura a parede. Quantos se apoderam do dinheiro, sem se matricularem na disciplina da renúncia e da bondade, nada conseguem para si mesmos senão o martírio dos avarentos que ressecam no próprio ser as fontes da vida. Eles retêm substancioso lastro econômico, mas fazem-se escravos da sovinice, na qual, vezes e vezes, enquanto desfrutam a reencarnação, transformam seus próprios descendentes em órfãos de pais vivos para transfigurá-los depois da morte, pelos mecanismos da herança, em modelos de prodigalidade e loucura.
Faze por merecer o dinheiro que te sobre corretamente, a fim de que desenvolvas generosidade e progresso, na esfera de teus dias, mas edifica no terreno do espírito a compreensão e a solidariedade para que saibas conduzi-lo com segurança e discernimento.
Fortuna, tanto quanto ocorre ao poder e à autoridade para beneficiar efetivamente, roga equilíbrio e orientação. Além do mais, se aspiras a contar com possibilidades de ser útil, no ideal de abençoar e elevar, auxiliar e servir, urge não esquecer que todos nós, indistintamente, fomos dotados por Deus, em todos os climas sociais e em todos os recantos da Terra, com as riquezas infinitas do amor, no tesouro vivo do coração.
Emmanuel
[1] Essa mensagem, diferindo nas palavras marcadas, foi publicada originalmente em 1969 pela EPC e é a 30ª lição do livro “Alma e coração.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.