ANTE o mundo moderno, em doloroso e acelerado processo de transição, procuremos em Cristo Jesus o clima de nossa reconstrução espiritual para a Vida Eterna.
Multipliquemos as assembleias cristãs, quais a desta noite, em que elevamos o coração ao altar da fé renovadora.
Em torno de nossas atividades religiosas, temos a paisagem de há quase dois mil anos…
Profundas transformações políticas assinalam o caminho das nações, asfixiantes dificuldades pesam sobre os interesses coletivos, em toda a comunidade planetária, e, acima de tudo, lavra a discórdia, em toda parte, desintegrando o idealismo santificante.
Este é o plano a que os novos discípulos são chamados.
O momento, por isto mesmo, é de luz para as trevas, amor para o ódio, esclarecimento para a ignorância, bom ânimo para o desalento.
Não bastará, portanto, a movimentação verbalística. Não prevalece a plataforma doutrinária tão somente. Imprescindível renovar o coração, convertendo-o em vaso de graças divinas para a extensão das dádivas recebidas.
Espiritismo, na condição de mera fenomenologia, é simples indagação. Indispensável [é] reconhecer, entretanto, que as respostas do Céu às perquirições da Terra nunca faltaram. A Grandeza Divina absorve a pequenez humana em todos os ângulos de nossa jornada evolutiva.
Edificar um castelo teórico ou dogmático, onde a mente repouse à distância da luta constitui apenas fuga aos problemas — evasão delituosa de quem recebeu do Alto os dons sublimes do conhecimento para que a Bênção do Senhor se comunique a todos os homens.
Esta, a razão que nos compele ao chamamento novo.
A morte do corpo não nos desvenda os gozos do Paraíso, nem nos arrebata aos tormentos do Inferno.
Nós, os desencarnados, somos também criaturas humanas em diferentes Círculos vibratórios, tão necessitados de aplicação do Evangelho Redentor, quanto os companheiros que marcham pelo roteiro carnal.
A sepultura não é milagroso acesso às zonas de luz integral ou da sombra completa. Somos defrontados por novas modalidades da Divina Sabedoria a se traduzirem por mistérios mais altos.
Transformemo-nos, [pois], meus amigos, naquelas “cartas vivas” do Mestre dos Mestres a que o Apóstolo Paulo se refere em suas advertências imortais. ( † )
Indaguemos, estudemos, movimentemo-nos na esfera científica e filosófica, todavia, não nos esqueçamos do “amemo-nos uns aos outros” como o Senhor nos amou. ( † ) Sem amor, os mais alucinantes oráculos são igualmente aquele “sino que tange” ( † ) sem resultados práticos para as nossas necessidades espirituais.
Não valem divergências da interpretação nos setores da fé. Estamos distantes da época em que os filhos da Terra se dirigirão ao Pai com idêntica linguagem, porquanto, para isto, seria indispensável a sintonia absoluta entre nós outros e o Celeste Embaixador das Boas Novas da Salvação.
Reveste-se a hora atual de nuvens ameaçadoras.
Não nos iludamos. O amor ilumina a justiça, mas, a justiça é a base da Lei Misericordiosa.
O mundo atormentado atravessa angustioso período de aferição. Irmanemo-nos, desse modo, em Jesus, para que a tormenta não nos colha, de surpresa, o coração.
Abracemo-nos na obra redentora [do bem, já que não é possível, por enquanto,] a derrubar as fronteiras que separam os templos veneráveis uns aos outros.
Nossa época é de ascensão do homem à estratosfera, de intercâmbio fácil das nações e de avanço da medicina em todas as frentes, contudo, é também de lágrimas, reajustamento e luta.
Entrelacemos as mãos, no testemunho da luz e da paz que nos felicitam. Lembremo-nos de que somos os herdeiros diretos da confiança e do amor daqueles que tombaram nos circos do martírio por trezentos anos consecutivos.
Espiritismo sem Evangelho é apenas sistematização de ideias para transposição da atividade mental, sem maior eficiência na construção do porvir humano.
Trabalharemos, entretanto, quanto estiver ao nosso alcance, a fim de que o Cristianismo redivivo prevaleça entre nós para que a experiência terrestre não vos constitua patrimônio indesejável e inútil e para que, unidos fraternalmente, sejamos colaboradores sinceros do Mestre, sem esquecer-Lhe as sagradas palavras: — “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim.” ( † )
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes] foi publicada em setembro de 1948 pela FEB no Reformador e é também a 146ª lição do 4º volume do livro “O Evangelho por Emmanuel.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.