Ferir o corpo com a desculpa de conquistar a ascensão da alma é operar o suicídio indireto, pelo qual menosprezamos a Infinita Bondade que no-lo empresta, a fim de que o sol do progresso nos assinale a existência.
Atendendo às sugestões dessa ordem, copiaremos, insensatos, a decisão infeliz do lavrador que destruísse a enxada que o serve, na suposição de auxiliar ao campo, ou o impulso delituoso do operário que desorganizasse as peças da máquina que o obedece, a pretexto de ser mais útil.
O engenho físico é o templo [sublime] em que somos chamados à escola da redenção.
Nele possuímos a harpa da vida, em cujas cordas podemos desferir a melodia do trabalho e do sacrifício, da abnegação e do amor, preparando o próprio acesso à exaltação da imortalidade.
[Por isso mesmo] o cilício mais precioso ao nosso grande futuro será sempre o da própria renunciação [voluntária] em benefício da felicidade dos outros, aprendendo a ceder de nossas opiniões ou de nosso conforto em auxílio dos corações que nos partilham o calor do teto, os quais, muitas vezes, em provação mais árdua do que a nossa, nos reclamam entendimento e bondade ao preço de nossa dor.
Saibamos [assim,] sorrir entre lágrimas, fatigar-nos no amparo aos que Deus nos confia, emudecer nossa excessiva agressividade, abraçar quem nos fere e apagar nossos próprios sonhos, a fim de que a segurança e a tranquilidade se façam junto de nós naqueles que nos comungam a experiência e somente assim nossa exaustão corpórea será compreensível e justa, porquanto de nosso cansaço terá nascido a ventura daqueles que atravessam conosco o vale da sombra terrestre à procura da luz inextinguível, que reina, soberana, na Espiritualidade Maior.
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original e seu conteúdo, diferindo nas palavras marcadas e [entre colchetes], foi psicografada em 02/09/1957 e publicada em 2007 pela editora VL e é a 395ª lição do livro “Deus conosco.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto restaurado.