1 Ferir o corpo com a desculpa de conquistar a ascensão da alma é operar o suicídio indireto, pelo qual menosprezamos a Infinita Bondade que no-lo empresta, a fim de que o sol do progresso nos coroe a existência.
2 Atendendo às sugestões dessa ordem, copiaríamos, insensatos, a decisão criminosa do lavrador que destruísse a enxada que o serve na suposição de ajudar o campo, ou o impulso infeliz do operário que desorganizasse as peças do tear que o obedece a pretexto de ser mais útil.
3 A máquina física é o templo sublime em que somos chamados à escola da redenção.
4 Nele possuímos a harpa da vida, em cujas cordas podemos desferir a melodia do trabalho e do sacrifício, da abnegação e do amor, preparando o acesso de nosso espírito à exaltação da imortalidade.
5 Por isso mesmo o cilício mais precioso ao nosso grande futuro será sempre o de nossa renunciação voluntária em benefício da felicidade dos outros, aprendendo a ceder de nossas opiniões ou de nosso conforto em auxílio dos corações que nos partilham a bênção do teto, os quais, muitas vezes em provação mais árdua que a nossa, nos reclamam entendimento e bondade ao preço de nossa dor.
6 Saibamos, assim, sorrir entre lágrimas, 7 fatigar-nos no amparo aos que Deus nos confia, 8 emudecer nossa agressividade, 9 abraçar quem nos fere 10 e apagar nossos próprios sonhos, a fim de que a segurança e a tranquilidade se façam junto de nós naqueles que nos comungam a experiência.
11 Somente assim nossa exaustão corpórea será compreensível e justa, porquanto de nosso cansaço terá nascido a ventura daqueles que atravessam conosco o vale da sombra terrestre à procura da luz inextinguível que reina, soberana, na glória espiritual.
Emmanuel
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem original, ela foi psicografada em 02/09/1957 e publicada em 2007 pela editora VL e é a 395ª lição do
livro “Deus conosco.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.