MENSAGEM DE ARNALDO JR.
1 Querida mamãe, querido papai Arnaldo, estou ainda como quem volve de uma tempestade para uma notícia rápida aos entes queridos, mas embora isso, não me esqueço de pedir-lhes para que me abençoem.
2 Não sei o que escrever.
Tenho ainda no cérebro o barulho das máquinas, no entrechoque em que nos atrapalhamos.
Estou vendo o João Afonso com o Siderley e tudo me parece um pesadelo.
3 Vínhamos da praia, onde havíamos atravessado as alegrias do domingo, sem pensar noutro assunto que não fosse o retorno à paz de casa, quando o carro enorme investiu sobre o nosso.
4 O pânico estabelecido não durou muito, porque a batida nos silenciara. De minha parte quis gritar, fazer força para socorrer a Sirley e verificar o que havia com os outros, mas o golpe me estirara imóvel.
5 A ânsia de falar não encontrava a boca que me pudesse externar os pensamentos e não consegui senão ouvir gritos, ali na paisagem de Mongaguá, quando nos preparávamos para varar toda a extensão da Praia Grande, a fim de ganhar altura para o caminho de Santa Fé.
6 Não posso narrar o que nos aconteceu. Creio que nosso caro Siderley poderá dizer com mais segurança o que sucedeu, porquanto, não tenho para emitir, senão impressões propriamente minhas, que vou coordenando pouco a pouco.
7 Mãezinha, de começo para nós e especialmente para mim, tudo foi um sono pesado de injeção sedativa em dose alta para imobilizar um leão.
8 Parece-me que Deus manda os anjos da misericórdia cerrar as pálpebras dos que largam o corpo compulsoriamente, em lances dolorosos qual aquele em que nos vimos, porque somente dei conta de mim num hospital que julguei fosse uma instituição de socorro da Terra mesmo.
9 Não preciso dizer que gritei à feição de criança espavorida chamando a família, mas foi a vovó Isabel com o Monsenhor Gonçalves, que vim a conhecer aqui na vida diferente em que nos encontramos, as pessoas que me esclareceram devidamente.
10 Não adiantará dizer que choramos tanto quanto choravam em nossa casa. Pouco a pouco recobrei as forças e pude rever o Donizetti, o Émerson, a Sirley, a Walquíria e lastimar em companhia deles o que nos acontecera. De todos nós o Emerson é aquele que mais se traumatizou, em vista da família querida que começara a organizar. Mas estamos todos melhorando.
11 Papai Arnaldo, rogo-lhe conformação. Conosco veio o tio José que lhe pede muita serenidade. — O João Afonso e o Rodolfo estão aí precisando de proteção e assistência.
12 Agradeço ao amigo Siderley os pensamentos reconfortantes que nos dirige. Tenho muito a agradecer e pouco para contar, pois que ainda me vejo espantado, por vezes custando a acreditar que nos transferimos à força para um ambiente totalmente diverso daquele em que sempre vivemos.
13 Mãezinha, continue orando por nós.
A prece é um diálogo no silêncio.
Ouvimos as petições em nosso favor e passamos a renovar-nos para merecer as bênçãos que são rogadas em nosso favor.
14 Desejava escrever muito, no entanto, estou ainda reduzido ao assombro.
Não culpem a ninguém.
15 Aqui é que a gente observa que um acidente pode ocorrer num segundo sem qualquer intenção culposa para os que transitam na estrada. Os desastres acontecem e já sabemos que todos vocês na Terra continuarão em carros e aviões pela necessidade de ganhar tempo.
16 É preciso aceitar estas verdades e seguir para a frente. O tempo vai consertar os erros, se é que erros existem aqui ou ali.
17 Tenho a cabeça dolorida e a memória não dá para certas particularidades. Posso dizer simplesmente que vamos indo bem, tão bem quanto se permite estar bem aqueles que são retirados de ferros e engrenagens imbatíveis ou atirados no chão à maneira de pedras contra outras.
18 Estaremos melhor quando nos habituarmos com a nova forma de ser.
19 Querida mãezinha e meu querido papai, a vovó Isabel e o tio José os abraçam.
20 Em nome dos que não puderam vir, transmito-lhes muito reconhecimento e carinho, ao mesmo tempo que lhes peço abençoar sempre o filho agradecido,
Arnaldo n
MENSAGEM DE JOSÉ DONIZETTI
1 Querida mãezinha e meu querido papai Arnaldo.
Estamos presentes, os filhos agradecidos, solicitando a bênção de sempre.
2 O aniversário é do Arnaldo, entretanto, a mamãe me encontrou em sonho e se preocupou de tal modo que sou eu o autor desta carta, que escrevemos com o desejo de vê-los asserenados, quanto a nós.
3 Se desejam notícias da ocorrência passada, aí está junto de vós a memória do nosso caro Siderley funcionando com mais exatidão do que a nossa, por isso mesmo, não me deterei no caso de Mongaguá, uma cidade tão distante da nossa querida Santa Fé do Sul. Apenas menciono o imperativo das leis da vida que se cumprem sempre. 4 Imaginem, tantos quilômetros de terra a nos separarem do mar, entretanto, fomos impulsionados para buscar a Praia Grande onde se achavam os recursos necessários ao nosso resgate.
5 Quando falo nisso, reporto-me à reencarnação.
6 A pessoa, por vezes, se endivida à distância do lugar em que forma novo corpo, no entanto, de qualquer forma é chamada pela vida ao palco em que assumiu determinados débitos a fim de criteriosamente resgatá-los. Mas deixemos isso para lá. O que passou, passou.
7 Nossa Walkíria e nossa Sirley vieram conosco. E, também, da nossa caravana afetiva, partilham nossa irmã Natalina e nossa irmã Esther, a quem o nosso Émerson, presente conosco, abraça carinhosamente pedindo-lhe calma, resignação e fé em Deus.
8 Nosso Siderley está melhor, mas precisa esquecer, mas esquecer mesmo, aqueles quadros que lhe ficaram pesando na cabeça.
Não desejamos dizer que não sentimos.
9 Todos dividimos a dor em parcelas enormes e iguais para cada um.
É muito amor para ser podado de vez, diante da morte. Em razão disso, o peso da mágoa balança entre os dois lados.
10 Mãezinha, o seu carinho compreenderá que não pode ser diferente, mas somos de Deus e necessitamos caminhar.
11 Rogamos a todos vida renovada e adeus para o sofrimento. O que vale é a esperança e a esperança palpita em nós, à maneira da árvore cortada quando deita novos ramos, por mãos renascentes, acenando para o futuro. Lembrem-nos alegres e felizes.
12 Não podem olvidar que achamos a própria desencarnação numa festa de confraternização, quase noivado, mas estejam conscientes de que os nossos queridos noivos aqui se reunirão em abençoado lar para mais tarde reconstituir o lar terrestre. 13 Não me perguntem como, a noite é curta para uma conversação de interesse entre a vida e a morte.
14 Tanto Arnaldo, quanto eu, Sirley, Walkíria e Émerson, estamos tão vivos quanto antes e fazendo projetos para ser úteis, especialmente a vocês mesmos.
15 Nosso Émerson promete à nossa irmã Esther a assistência constante de todos os momentos e pede-lhe para que não desanime. Não faltarão recursos para a querida esposa e para as filhinhas, ele repete, confiante em Deus.
16 Agora, com os nossos parabéns para o irmão aniversariante, sem qualquer tristeza por nos encontrarmos em outro Plano da vida, pedimos nós para que transformem a nossa festa de casa em bolos e pães que façam a alegria de nossos novos convidados, os companheiros de luta e de necessidade na Terra, que estamos aprendendo a encontrar e a conhecer.
17 Siderley, fique com o nosso afeto.
João Afonso e Rodolfo, nossos queridos irmãos e substitutos, guardem as nossas lembranças e aos queridos pais e nossas irmãs presentes, sempre ligados ao nosso Émerson e a nossa Sirley, o abraço muito afetuoso dos irmãos Bedaqui.
18 Mãezinha e papai Arnaldo, recebam o coração alegre e reconhecido do filho agradecido que lhes deseja toda a felicidade da paz com Deus.
19 Sempre o filho e amigo de todos os dias,
José n
COMENTÁRIOS
Nos recursos da vida que nos apoiam a procura da posição adequada no relacionamento humano, deve-se ter em conta que o roteiro é por nossa conta e o subsídio é doação de Deus.
Por vezes, a inteligência do homem não encontra as razões e indícios dos pseudos-males que atribui a si própria.
As causas primárias retornam com os efeitos no momento preciso e, sem saber como, independente das circunstâncias, tristes ou festivas, rumamos ao encontro do nosso resgate perante o passado. O local dos débitos assumidos reclama-nos a volta, faz-se palco para os ajustes da libertação. A presença de Deus é imediatamente reconhecida, os Benfeitores Espirituais estão à volta no socorro esclarecedor, lenitivo abençoado que afasta o desespero e nos encaminha à paz almejada.
Os irmãos Bedaqui transmitem esses apontamentos com clareza e nos servem de valioso ensino para o encontro da verdade na presença das leis de Deus.
PESSOAS E FATOS
Arnaldo Bedaqui Júnior.
Nascimento: 15.3.1953.
Desencarnação: 11.9.1978.
José Donizetti Bedaqui.
Nascimento: 12.5.1955.
Desencarnação: 11.9.1978.
Pais: Arnaldo Bedaqui e Isabel do Carmo Bedaqui. Rua Sete, 449, Santa Fé do Sul - SP.
Irmãos: Afonso e Rodolfo Cesar.
Vovó Isabel, Bisavó materna.
Monsenhor Gonçalves, padre de São José do Rio Preto, desencarnado.
Tio: José Bedaqui, paterno.
Siderley Mendonça Rocha, amigo de Arnaldo, irmão de Sirley e cunhado de Émerson.
Sirley Mendonça Rocha, Emerson Mendes Pereira e Walquiria Gomes Leite, todos desencarnados juntamente com Arnaldo e José Donizetti, no dia 11.9.1978, na Rodovia Padre Manoel da Nóbrega, próximo a Mongaguá, Praia Grande, São Paulo.
Rubens S. Germinhasi