Caro Leitor.
Escrevem este livro Espíritos que até recentemente residiam em São José do Rio Preto, tradicional município paulista, da Região dos Grandes Lagos.
Personalidades vinculadas ao progresso dessa cidade, profundamente reconhecidas à terra que lhes serviu de berço ou que as adotou por filhos abençoados, anotamos em suas palavras referências aos primeiros tempos de Rio Preto, citações que do mesmo modo que a relação de nomes e fatos que ressumam das mensagens psicografadas, eram do total desconhecimento de Chico Xavier e até mesmo, em alguns casos, dos próprios familiares dos autores espirituais do livro.
Mas, a par de seu conteúdo de revelação, a atestar a realidade da comunicação dos mortos com os vivos, deve-se ressaltar, sem dúvida, a mensagem — naturalmente envolta na dor e na saudade — de esperança e de fé, alicerçada na certeza da sobrevivência da alma.
Em William José Guagliardi, jovem tragado com outros 58 rapazes, pelas águas do Rio Turvo, nos idos de 1960; em Hilário Sestini, empresário de reconhecidos méritos em São José do Rio Preto; no Dr. Orlando Van Erven Filho, o abnegado apóstolo da Medicina e no patriarca Germano Sestini, pioneiro de Cravinhos e Rio Preto, empreendedor respeitável, encontramos sempre, ao lado das surpreendentes revelações, a palavra de consolo e alento aos familiares saudosos de sua ausência compulsória.
É esse acervo de incalculável valor, que nos vem da nobre cidade de Rio Preto, através de seus diletos filhos, a essência da obra.
Agradeço profundamente a alguns companheiros, cujo concurso nos possibilitou a elaboração dos comentários e notas em complemento às mensagens recebidas por Chico Xavier. Refiro-me aos familiares dos autores espirituais, tão diligentes e solícitos, nas respostas às perguntas que formulei, para a adequada estruturação destas páginas.
De modo especial, expresso minha gratidão ao jornalista Nivaldo Carrazzone, de Rio Preto e ao Prof. Benedito Silva, de Monte Aprazível e aos companheiros Romeu Grisi, sua esposa D. Hilda e seu cunhado Gérson Sestini, amigos de Votuporanga que aprendi a melhor admirar, pela participação indispensável que tiveram neste trabalho.
Finalmente, ao meu saudoso pai, falecido a 13 de dezembro de 1979, grande amigo e orientador, dedico as palavras finais desta Apresentação, agradecendo a Deus a bênção de tê-lo nesta presente existência, como genitor e mais do que pai, como o inseparável companheiro, cuja saudade será certamente o alento para que meus familiares e eu percorramos os caminhos da vida, com amor e respeito aos ensinamentos de Jesus que ele com tanta abnegação soube semear e cultivar em nossos corações.
São Bernardo do Campo, 23 de agosto de 1980.
Caio Ramacciotti
EXPLICAÇÃO NECESSÁRIA
O leitor espírita está familiarizado com as reuniões mediúnicas de que participa FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, em Uberaba.
Mas, para o leitor não espírita, a fim de que seja mais fácil a interpretação das páginas psicografadas, vamos dar uma ideia de como se processam as reuniões, com Chico Xavier, no GRUPO ESPÍRITA DA PRECE, em Uberaba — Minas Gerais.
O recinto do Centro sempre superlotado; centenas e centenas de pessoas de todos os recantos do país e, às vezes, do mundo, com objetivos diferentes, procuram no médium: uma palavra de consolo, alguma notícia de familiar falecido, uma entrevista para determinado canal de televisão, etc.
Parte pequena dessa população heterogênea ali presente consegue, e muito rapidamente, cumprimentar o médium, antes do início das tarefas da noite que consistem no estudo do Evangelho Segundo o Espiritismo, ao mesmo tempo em que Chico Xavier, com rapidez vertiginosa, recebe inúmeras mensagens (em muitas ocasiões, até mesmo além de 10, de diferentes Espíritos, numa única reunião que invariavelmente se prolonga madrugada a dentro).
Após o encerramento da reunião, outra parcela do público presente consegue conversar rapidamente com o médium, de modo que Chico Xavier, e queremos destacar esse fato, via de regra, não chega a conhecer sequer os familiares dos Espíritos que por ele trazem suas mensagens do Além.
Não obstante, o leitor observará, à saciedade, a incrível citação de nomes, fatos, dados, etc., aos quais o médium não teve acesso algum, como se depreende da mensagem de WILLIAM JOSÉ GUAGLIARDI, jovem sobre quem falaremos a seguir.
Caio Ramacciotti