1 Clamou o Orgulho ao homem: — “goza a vida!
E fere, brasonado cavaleiro,
Coroado de folhas de loureiro,
Quem vai de alma gemente e consumida…”
2 Veio a Vaidade e disse: — “A toda brida!
Dominarás, além, no mundo inteiro;
Cavalga o tempo e corre ao teu roteiro
De soberana glória indefinida!…”
3 Mas a Verdade, sobre a humana furna,
Gritou-lhe, angustiada, em voz soturna:
— “Insensato! aonde vais, sem Deus, sem norte?”
4 E impeliu, sem detença e sem barulho,
Cavaleiro e corcel, vaidade e orgulho,
Aos tenebrosos pântanos da Morte.
Antero de Quental
|