“Mas se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra.” — Jesus. (MATEUS, 5.39)
1 Alguns humoristas pretendem descobrir na advertência do Mestre uma exortação à covardia, sem noção de respeito próprio.
2 O parecer de Jesus, no entanto, não obedece apenas aos ditames do amor, essência fundamental de seu Evangelho. É igualmente uma peça de bom senso e lógica rigorosa.
3 Quando um homem investe contra outro, utilizando a força física, os recursos espirituais de qualquer espécie já foram momentaneamente obliterados no atacante.
4 O murro da cólera somente surge quando a razão foi afastada. E sobrevindo semelhante problema, somente a calma do adversário consegue atenuar os desequilíbrios, procedentes da ausência de controle.
5 O homem do campo sabe que o animal enfurecido não regressa à naturalidade se tratado com a ira que o possui.
6 A abelha não ferretoa o apicultor, amigo da brandura e da serenidade.
7 O único recurso para conter um homem desvairado, compelindo-o a reajustar-se dignamente, é conservar-se o contendor ou os circunstantes em posição normal, sem cair no mesmo nível de inferioridade.
8 A recomendação de Jesus abre-nos abençoado avanço…
Oferecer a face esquerda, depois que a direita já se encontra dilacerada pelo agressor, é chamá-lo à razão enobrecida, reintegrando-o, de imediato, no reconhecimento da perversidade que lhe é própria.
9 Em qualquer conflito físico, a palavra reveste-se de reduzida função nos círculos do bem. O gesto é a força que se expressará convenientemente.
10 Segundo reconhecemos, portanto, no conselho do Cristo não há convite à fraqueza, mas apelo à superioridade que as pessoas vulgares ainda desconhecem.
Emmanuel