O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vozes do Grande Além — Autores diversos


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No trato com os sofredores

Reunião da noite de 20 de setembro de 1956.

Para reconforto da nossa equipe de trabalho, quem compareceu no horário dedicado ás instruções foi o nosso amigo espiritual Efigênio S. Vítor, n que prelecionou, com felicidade e segurança, quanto ao impositivo da fraternidade cristã, no trato com os Espíritos sofredores.


1 Nossos modestos apontamentos desta noite objetivam acordar-nos a atenção para a responsabilidade no trato com os desencarnados sofredores, transviados em treva e perturbação.

2 É imprescindível aplicar a psicologia cristã em todas as fases do intercâmbio.

3 Em várias circunstâncias, essas entidades jazem extremamente ligadas aos nossos corações.

4 O obsessor muita vez será o companheiro enternecidamente querido à nossa alma e que se nos distanciou do caminho. Será um pai muito amado que nos partilhou a luta em passado próximo… Será uma criatura jungida a nós outros, através de vínculos preciosos que o pretérito nos restitui…

5 A amnésia temporária, que nos é imposta durante a reencarnação, à maneira de supremo recurso da Lei Divina para acomodar-nos a mente enfermiça à extirpação dos males profundos que nos atormentam a alma, não nos exime da cortesia e do respeito para com os seres que nos compartilham a sorte.

6 Daí procede o imperativo de muito carinho, prudência e ponderação na abordagem das mentes desequilibradas que nos visitam.

7 A sessão mediúnica para socorro a desencarnados padecentes pode ser comparada a uma clínica psiquiátrica, funcionando em nome da bondade de Nosso Senhor Jesus-Cristo.

8 O doutrinador ou os doutrinadores são médicos e enfermeiros com obrigações muito graves para com os necessitados e pacientes que os procuram.

9 Não podemos esquecer que o desencarnado dessa condição, transportando imensos conflitos em si próprio, é assim como a pilha ressecada, com perda quase absoluta de potência elétrica, acolhendo-se numa pilha nova, carregada de energia, — o médium a que se ajusta, — fazendo retinir a campainha das manifestações sensoriais, de modo a reequilibrar-se com a eficiência possível.

10 O médico sensato, frente ao enfermo que lhe pede auxílio, decerto não entrará em pormenorizadas indagações quanto a deslizes que terá ele cometido, por infortúnio da própria situação.

11 Não usará franqueza destrutiva.

Saberá dosar a verdade, veiculando-a através da água viva do amor, suscetível de regenerar os tecidos lesados por moléstias indefiníveis.

12 Invocará a essência do socorro divino, que palpita em toda a Natureza, estimulando-lhe, assim, a confiança.

13 Situá-lo-á no otimismo, na alegria e na esperança, a fim de que o poder curativo do Criador em cada célula viva possa entrar em ação.

14 E o doutrinador, na assembleia mediúnica, é um agente da mesma espécie, atendendo a uma dupla de pacientes, que, no caso, vem a ser o desencarnado doente e o médium que o abriga, pois que qualquer golpe vibrado sobre a entidade comunicante percutirá, de modo imediato, sobre a organização perispirítica do instrumento em serviço.

15 É por essa razão que, muitas vezes, se o doutrinador não se precata contra semelhantes perigos, o medianeiro humano, não obstante amparado por benfeitores responsáveis, costuma retirar-se da tarefa assistencial predisposto a perturbações orgânicas, porquanto, entre a organização medianímica que auxilia e o doutrinador que esclarece, se entrosam elos sutis de força, em torno do necessitado que está recolhendo o concurso de que precisa, a fim de refazer-se.

16 O desencarnado sofredor, no momento em que se comunica, permanece, dessa forma, temporariamente, quase que na posição de um filho espiritual das forças conjugadas do doutrinador e do médium.

17 Eis aí a razão por que devemos prezar com mais veemência a responsabilidade nos serviços desse teor.

18 Fazem-se indispensáveis a serenidade e a tolerância. E em qualquer fase mais complexa do esforço protecionista recordemos a oportunidade da prece como medicação inadiável para que a bênção de Mais Alto se registe na obra de solidariedade cristã que nos propomos efetuar.

19 Não nos esqueçamos, assim, de que na comunhão com as mentes torturadas, já libertas do vaso físico, é imprescindível aprendamos, com Jesus, a servir com paciência e carinho, para que a nossa máquina de trabalho não se resseque, por falta do combustível da humildade e do amor.


Efigênio S. Vitor


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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