1 Amigos, embora seja
A minha frase mal posta,
Recordemos a palavra
De Pedro da Rocha Costa. n
2 Inda agora o nosso Ênio n
Releu com toda a atenção
O ensinamento do Mestre,
Referente à compaixão.
3 Contra a guerra persistente
Da maldade estranha e louca,
Adotemos a campanha
Da caridade na boca.
4 O Espiritismo é doutrina
De bênçãos do amor cristão,
Que nos pede cada dia
Mais ampla renovação.
5 Renovação, entretanto,
Quer dizer em toda idade
Constante esforço no bem,
Perdão e boa vontade.
6 Mas muitos de nós mantemos
O vício gritante e feio
De comentar com volúpia
Os infortúnios alheios.
7 Onde a desculpa escasseia,
De luz a paz morre à míngua.
Usemos, pois, com cuidado
A força de nossa língua.
8 “Palavras o vento leva”
— Exclama velho rifão.
Mas há palavras que esmagam
A vida do coração.
9 Ditamos afirmativas,
Em tom carinhoso e ameno,
Que valem por temporais
De lodo, lama e veneno.
10 De outras vezes, nosso verbo
Parece robusto e forte,
Mas reduz-se a sabre firme,
Abrindo chagas de morte.
11 Há línguas de acento nobre
Em que a eloquência não falha,
Que vergastam como açoite
E cortam mais que navalha.
12 Há muita boca elegante,
Aveludada de arminho,
Que cospe na caminhada
Corda e pedra, fogo e espinho.
13 É que na Terra esquecemos,
Na sombra de nosso trato,
Que, além da morte, encontramos
O nosso próprio retrato.
14 Caridade!… Caridade!…
Quanta fala escura e inversa!.
Quem deseja auxiliar
Principia na conversa.
15 Não olvidemos na vida,
Na sede de luz total,
Que a boca maledicente
É uma oficina infernal.
16 Toda frase escura e torpe,
De que o torvo mal se ceva,
É uma força vigorosa
Que estende o poder da treva.
17 Quanto ao mais, Deus nos ajude
A guardar a Lei de cor,
Procurando em Jesus-Cristo
A nossa vida maior.
18 E, ao despedir-me, repito
Para o que der e vier:
Guardai convosco a amizade
Do irmão José Xavier.
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