O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Vozes do Grande Além — Autores diversos


45 n

Caridade na boca

Reunião da noite de 19 de abril de 1956.

O encerramento de nossas tarefas trouxe-nos a presença do amigo José Xavier, n que, com a sua maneira peculiar de dizer, pronunciou a interessante alocução poética que vamos ler.


 1 Amigos, embora seja

  A minha frase mal posta,

  Recordemos a palavra

  De Pedro da Rocha Costa. n


 2 Inda agora o nosso Ênio n

  Releu com toda a atenção

  O ensinamento do Mestre,

  Referente à compaixão.


 3 Contra a guerra persistente

  Da maldade estranha e louca,

  Adotemos a campanha

  Da caridade na boca.


 4 O Espiritismo é doutrina

  De bênçãos do amor cristão,

  Que nos pede cada dia

  Mais ampla renovação.


 5 Renovação, entretanto,

  Quer dizer em toda idade

  Constante esforço no bem,

  Perdão e boa vontade.


 6 Mas muitos de nós mantemos

  O vício gritante e feio

  De comentar com volúpia

  Os infortúnios alheios.


 7 Onde a desculpa escasseia,

  De luz a paz morre à míngua.

  Usemos, pois, com cuidado

  A força de nossa língua.


 8 “Palavras o vento leva”

   — Exclama velho rifão.

  Mas há palavras que esmagam

  A vida do coração.


 9 Ditamos afirmativas,

  Em tom carinhoso e ameno,

  Que valem por temporais

  De lodo, lama e veneno.


 10 De outras vezes, nosso verbo

  Parece robusto e forte,

  Mas reduz-se a sabre firme,

  Abrindo chagas de morte.


 11 Há línguas de acento nobre

  Em que a eloquência não falha,

  Que vergastam como açoite

  E cortam mais que navalha.


 12 Há muita boca elegante,

  Aveludada de arminho,

  Que cospe na caminhada

  Corda e pedra, fogo e espinho.


 13 É que na Terra esquecemos,

  Na sombra de nosso trato,

  Que, além da morte, encontramos

  O nosso próprio retrato.


 14 Caridade!… Caridade!…

  Quanta fala escura e inversa!.

  Quem deseja auxiliar

  Principia na conversa.


 15 Não olvidemos na vida,

  Na sede de luz total,

  Que a boca maledicente

  É uma oficina infernal.


 16 Toda frase escura e torpe,

  De que o torvo mal se ceva,

  É uma força vigorosa

  Que estende o poder da treva.


 17 Quanto ao mais, Deus nos ajude

  A guardar a Lei de cor,

  Procurando em Jesus-Cristo

  A nossa vida maior.


 18 E, ao despedir-me, repito

  Para o que der e vier:

  Guardai convosco a amizade

  Do irmão José Xavier.


José Xavier



[1] Refere-se nosso amigo ao comunicante da reunião precedente.


[2] Reporta-se o companheiro ao nosso amigo Ennio Santos, da equipe do Grupo Meimei, que, no início das tarefas, havia lido um trecho do Evangelho, acerca do perdão. — Notas do Organizador.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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