1 Reporta-se muita gente ao inferno, além do sepulcro, no entanto, é imperioso lembrar o inferno que nós mesmos criamos antes do berço.
2 Em verdade, se somos individualmente examinados depois do túmulo, não será lícito esquecer que a Justiça Divina nos observa igualmente em nossa expressão grupal.
3 Dessa forma, nas linhas da experiência doméstica, no campo da luta humana, quase sempre enxameiam, junto aos espíritos encarnados, aquelas almas desprevenidas que com eles se acumpliciaram na delinquência e que, em lhes precedendo os passos na viagem da morte, não se fizeram ausentes.
4 E o tempo, o juiz que premia méritos e retifica defeitos, reúne nas telas da vida espiritual antigos companheiros de viciação e de ignorância, investindo cada um na parcela de sofrimento, indispensável à precisa reparação.
5 Renteando com a morada terrena, dolorosos processos de purgação e acrisolamento aglutinam os seres imprevidentes que, tomados de aflição e loucura, suplicam a bênção da volta à carne, para o trabalho do recomeço.
6 Diante disso, o mesmo tempo, em nome de Deus, confere de novo aos desertores do bem a suspirada ocasião para o reajuste, orientando-lhes o retorno através de reaproximações gradativas.
7 Desse modo, pais e filhos, cônjuges e parentes, superiores e subalternos, irmãos e amigos renascem, uns ao lado dos outros, na hora justa, cada qual suportando o quinhão de dor regenerativa que lhes é adjudicado.
8 E enfermidades e provas, separações e amarguras, mutilações e desastres, aleijões e infortúnios surgem, portas adentro das instituições e dos lares, tanto quanto nos elos da consanguinidade e nos laços afetivos.
9 Fruto do passado delituoso a expiação pede a todos serenidade e renúncia para que o horizonte se aclare na recomposição do destino.
10 Saibamos render culto constante ao amor fraterno, auxiliando sem paga, porque somente construindo a alegria dos outros é que edificaremos o caminho ditoso que nos liberte, enfim, das algemas da sombra para a bênção da luz.
Emmanuel