1 Vejo-lhes, muita vez, os grupos rumorosos…
Rogam socorro a Deus, em suplício profundo.
Querem renascimento, a fim de se esquecerem
Da culpa que os mantém presos ao chão do mundo.
2 Espíritos no Além que passaram na Terra,
Estendendo a ambição e o domínio sem peias,
Recolhem, de retorno, as obras que fizeram,
Plantando espinheirais nas estradas alheias.
3 Suplicam renascer, em extrema penúria,
Pedem expiação que os corrija e reprima,
Rogam corpos em chaga, ostracismo e abandono
Com a perda integral de toda a humana estima.
4 Imploram regressar em condições amargas,
Anelam revelar na luta que lhes doa
A nova compreensão de quem se emenda e sofre,
Bendizendo o infortúnio em que se aperfeiçoa…
5 O Senhor lhes concede a bênção suplicada
E ressurgem na Terra, entre almas sofridas,
Devem buscar na paz, no amor e na humildade
A força de apagar os erros de outras vidas…
6 Conquanto as exceções, no entanto, novamente,
Crescendo para o mundo em sombras de ilusão,
Ei-los a repetir equívocos de outrora,
Rebeldia, vaidade, orgulho, ostentação…
7 Não escutam a fé que lhes pede trabalho
Na obediência à luz que lhes vem da rotina,
E a vasta multidão se transvia em protestos,
Complica-se a gritar, padece, desatina…
8 Atentos ao passado a que se voltam,
Tentam fugir de Deus que os ampara e os escolta…
Pobres seres que varam vida e tempo
Entre o frio da treva e o fogo da revolta!…
9 Alma querida, escuta!… Se na Terra
A provação é sombra que te alcança,
Não temas… É o pretérito de volta…
O presente aflitivo é a nossa própria herança…
10 Sofre sem reclamar, serve, prossegue…
Além da própria angústia, alma sincera,
Encontrarás, chorando de alegria,
A luz da vida nova que te espera…
Maria Dolores
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