1 Lembro-te, nobre amiga, a voz de soberana,
Poderosa mulher quando ordenas e falas,
Da púrpura do trono ao carmezim das salas,
És rainha e senhora, amada e desumana.
2 Que estranha sedução nos perfumes que exalas!…
Quantos lares destróis, quanto afeto se engana!…
De paixão em paixão, gastas a vida insana
E morres, humilhando os homens que avassalas…
3 Quanto tempo se foi!… Mas reencontrei-te, agora,
Mãe reencarnada e triste, alma que sonha e chora,
Entre penúria e pó, chagas, sombras, ruínas…
4 Mas agradece a dor do cárcere de penas,
Nele retomarás teu carro de açucenas
Para reinar com Deus, nas vastidões divinas.
Epiphanio Leite
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