Mensagem referente à nova sede do Centro Espírita Luiz Gonzaga, de Pedro Leopoldo (MG), 14 de setembro de 1949.
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz, saúde, alegria e luz.
Em nome de muitos companheiros nossos, meu caro Rômulo, venho trazer a você o nosso abraço de felicitações pelo reerguimento da senhora enferma, que assinalou um marco muito importante na sua tarefa junto aos irmãos desequilibrados, enfermos e sofredores.
2 Jesus lhe multiplique as energias e, em razão da gratuidade ser uma palavra desconhecida no campo de realizações vivas da alma, continue estudando o seu novo setor sob todos os ângulos possíveis. Há círculos imensos de serviço esperando socorro, aqui e além.
3 Você não imagina, por enquanto, a extensão total da felicidade que o desenvolvimento dessa força curativa e reajustante reserva ao seu coração. Em face do continuísmo da vida, o saldo é ignorado nas leis que nos regem e a quantidade de companheiros de evolução, em necessidade, se relaciona por milhões no domicílio espiritual vizinho da Esfera em que vocês se encontram. 4 Você sabe que muitos trabalhadores poderiam ampliar as possibilidades preciosas de que são portadores, convertendo-se em colaboradores ativos do bem. No entanto, qualquer edificação não dispensa o “começar” e o seu início para essa tarefa nova, em nossos apontamentos, exigiu mais de dez anos de trabalho persistente, depois de seu ingresso na esfera de trabalho, que pode ser contada por fase preparatória. 5 Reconhecemos, pois, que em favor das aquisições espirituais vigoram anos de perseverança, que reduzidos candidatos se dispõem a dar. Muitos desejam encetar o empreendimento depois da morte do corpo, mas como? Depois da época exata de plantação ou cultivo de determinada lavoura é imprescindível esperar por outra, porque depois da atividade corporal sobrevém um tempo de colheita delicada, dentro do qual quem não atendeu ao serviço metódico raramente encontra regularidade, pelo menos, de imediato. 6 É por isso que emprestamos grande relevo ao seu esforço e formulamos votos para que você marche à frente no estudo e na prática, na observação e na ação, ajudando aos outros e a você mesmo. 7 Atravessamos na Terra em que nos imantamos uns aos outros uma época difícil. Os benfeitores de santuários mais altos permanecem interessados na formação de trabalhadores especializados que possam corresponder às exigências da hora. Há necessidade de grande despertamento espiritual junto às inteligências dormentes na carne. Através do socorro e da instrução é que podemos estender a mensagem na direção de todos os climas de nossa cultura geral.
8 Pela assistência fraterna e pela informação educativa, milhões poderão acordar para melhor alcançarem o porto que demandamos. O século presente pode ser de muita luz, mas é igualmente de muita dor. Os conflitos não cessarão tão cedo. Por esse motivo, a vocação do serviço espiritual com Cristo deve realmente transformar-se em paixão salutar que mantenha acesas todas as lâmpadas que se aproximarem das nossas. Cada criatura que saiba consolidar o valor da fé e do trabalho em suas experiências, dentro da hora atual, é uma luz acesa.
9 Quanto aos programas do centro de Pedro Leopoldo, não suponham vocês que nos apossaremos dele tão somente depois da inauguração de suas paredes materiais. Desde o primeiro dia que marcou a determinação do local com os termos de aquisição e escritura, já nos achamos em tarefa viva por delinear-lhe os “contornos espirituais” com vistas aos nossos objetivos. Para lá já foram transferidos todos os serviços de assistência imediata a irmãos perturbados e sofredores, e nos mil e quinhentos metros quadrados de terra, dedicados aos fins a que nos reportamos, temos instalações fluídicas, mas tão sólidas quanto às de vocês, funcionando em ação socorrista. 10 Os livros recebidos na cidade, de acordo com as informações que a tarefa de vocês veicula, atraem diariamente novos pensamentos e novas entidades para aqui. O recanto em que trabalham (aqui me refiro ao centro urbano) transformou-se num telégrafo que enormes multidões procuram, aflitas ou desconsoladas. Cada pessoa que o livro une espiritualmente à cidade para ela envia “alguma coisa”, que nem sempre é muito agradável. 11 E se é verdade que o espaço é infinito, precisamos de algum espaço para satisfazer, logicamente, as nossas necessidades. Desse modo, a definição do centro constituiu, só por si, uma providência muito feliz. Diversos ângulos de luta foram aliviados. Aquela terra agora é bem dos Espíritos desencarnados que, de algum modo, já lhe povoam a extensão. 12 Não pensem, contudo, que estejamos sem luta. A luta se fez mais clara pelo estabelecimento de linhas apropriadas. A organização não podia, de modo algum, perseverar em família isolada. Precisava situar-se para melhor projetar-se. Os conflitos são naturais. Os embates de opiniões e ideias são impositivos do aperfeiçoamento e da santificação. Felizmente, cada realização vem a seu tempo e essa bênção só seria suscetível de obtenção depois do serviço do livro, tão adiantado quanto possível. 13 Abrem-se novos campos. Outros horizontes se desdobram. Essa é a jornada daqueles que avançam, porque os entediados e ociosos de todos os tempos preferem esperar as transformações ao pé de leitos repousantes. Quem caminha, porém, domina a viagem. A vanguarda é, sem dúvida, muita vez dolorosa pelas responsabilidades que acarreta, mas o que sobe a montanha de pés ensanguentados é quem recebe a primeira mensagem da luz nos cimos. Deus nos proteja.
14 Nossos cuidados no tratamento dentário de Maria prosseguem ativos e, quanto a você, o nosso receitista é de opinião use alternados o Staphysagria, o Cantharis e o Lachesis por 8 a 10 dias.
15 Peço a você, meu filho, reler as minhas páginas últimas para que façamos a revisão geral ainda este mês, porque desejava que esse pequeno esforço fosse prefaciado em homenagem a Allan Kardec, no dia 3 de outubro, e enviado ao Rio antes de sua projetada viagem à Bahia.
Espero que Jesus me conceda recursos para terminar o trabalho, já em fase finalista, com a serenidade e paz com que foi começado.
16 Nossa irmã Engracinha, presente, pede a vocês transmitirem os “parabéns” à nossa querida irmã Júlia pelo aniversário amanhã. n Faço também meu esse abraço de felicitações, solicitando-lhes sejam expedidos esses nossos votos à nossa inesquecível companheira de trabalho, de ideal e de luta.
Desejo-lhes muita paz e muita alegria no caminho diário e com um afetuoso abraço, cheio de saudade e carinho, sou o papai muito amigo e reconhecido de sempre,
A. Joviano
[1] O título entre parênteses é o mesmo da mensagem familiar do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio reencarnado); cujo original, na íntegra, foi publicado em 2010 pela editora VL e é a 22ª lição do
livro “Colheita do bem.” — Esse capítulo foi restaurado: Texto do livro impresso.
[2] Engrácia Ferreira, tia de Júlia, foi pioneira do alfabeto Braille para cegos. Desencarnou a 21 de abril de 1937 e menos de um mês depois, a 6 de maio, comunicou-se por meio de Chico Xavier, em uma mensagem dirigida à vovó Júlia, solicitando a continuação de sua obra.