1
Doce a contemplação do empório santo;
Favônios matinais soprando avenas;
Há dilúvios de rosas e verbenas
De resplendente luz, no ebúrneo manto.
2
Terna revelação, sublime encanto!
Longe da sombra de mundanas penas,
Cantam vozes de dúlcidas Camenas,
Liras de Orfeu, em plácido quebranto.
3
Tudo sonhos e amores inocentes;
Nada recorda as cóleras da guerra
Que extermina os humanos descendentes!
4
No sublime concerto tudo encerra
O júbilo dos bons, a paz dos crentes
Que venceram nas lágrimas da Terra.
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Mel. Mª de Barbosa du Bocage
Se a revolta contra as leis divinas, o cultivo do orgulho, da vaidade, das vis paixões, da ausência de fé, a repulsa voluntária da luz interna, que deveria aclarar-nos o caminho, nos trazem aflição e tristeza, o amor fraternal, a bondade e a fé sincera nos conduzem, em contraposição, ao sonhado Éden. Existem, pois, recompensas e castigos, de acordo com o nosso procedimento ditado pelo livre-arbítrio. Neste soneto o poeta nos descreve as delícias puras, que fruirão os Espíritos vencedores de suas provas na Terra: é o contraste entre o bem, agora focalizado, e o mal, que ele pintara, em seu estilo tão característico, nos versos anteriores.
L. C. Porto Carreiro Neto