1 Querido papai Lineu e querida mãezinha Elza.
Jesus nos fortaleça e abençoe.
2 Tenho estado com ambos, sempre que isso se me faz possível e folgo de vê-los em pequeno período de refazimento, porque o suposto descanso destes dias constituirá oportunidade para realizarmos observações e experiências que de muito nos servirão para o trabalho que o Senhor nos concedeu.
3 Anotar e aprender representam tarefas de importância, e espero que, de quando a quando, possam efetuar excursões, mesmo limitadas e rápidas, com o que me regozijarei, porquanto estaremos sempre juntos e de tudo o que assimilarem de bom, por onde passarem, também eu retirarei o proveito preciso.
4 Meu pai, estou satisfeito com os resultados favoráveis de nosso intercâmbio, de vez que, apresentado por seu amor e sinceridade, tenho conseguido a aquisição de novos amigos que personificam novos esteios para a nossa construção espiritual.
5 A terra está repleta de gente boa e de corações dedicados ao Bem e, por vezes, somente algumas palavras dispõem do poder de acordá-los para a imortalidade e para a compreensão das provas construtivas do mundo.
6 Tenho tido a minha atenção voltada para semelhantes realidades e para as notícias que lhes chegam às mãos, referentes aos comunicados deste seu filho (ainda pobre de conhecimentos, mas sempre rico do afeto com que me encorajam os pais queridos) na continuidade dos meus limitados empreendimentos na sementeira da verdade e do bem.
7 Graças a Deus, tenho mantido os nossos princípios de respeito e entendimento do próximo. Com isso, experimento novas facilidades para agir, disseminando as possíveis informações que evidenciem a responsabilidade de viver e a ilusão da morte (que só existe por desencarnação) qual acontece ao frio e à escuridão, que vivem unicamente nas apreciações humanas, de vez que um punhado de brasas desfaz o gelo e uma simples vela acesa dissipa as trevas, ainda mesmo quando dominem vasta extensão.
8 Meus contatos com vovô Aristides de Paula Leão, (4) habitualmente acompanhados de lições ao vivo, como que me preparam ante a jornada de semeador das verdades excelsas.
9 Quando Luciana (11) e eu compulsávamos o Evangelho, longe estava de pressentir o serviço que se me desdobrava diante dos olhos…
10 Vemos tanta gente a sofrer nos caminhos do mundo, tantos corações apunhalados pela saudade, tantas lágrimas naqueles companheiros que se distanciaram da fé em Deus, tantas criaturas abandonadas suplicando uma diretriz que lhes converta a existência em estágio de paz e renovação que, hoje, suponho que seria uma atitude impensada cogitar unicamente da própria elevação, esquecendo os que se demoram no desequilíbrio, na expectativa de alguma página ou de algum diálogo que lhes descortinem os panoramas da vida — vida que não se circunscreve aos dias ligeiros de uma existência terrestre, mesmo longa — já que o amparo religioso se faz atualmente no mundo demasiadamente escasso e quase sempre mais difícil.
11 O avô Aristides mostra-me essas necessidades do homem atual e estimula-me a agir e servir, sempre mais, nesse campo das obrigações de uns para com os outros.
12 Gradativamente reconheço que a nossa família não se reduz ao círculo doméstico, mas sim à Terra inteira, que espera pela paz, ignorando de que modo alcançá-la.
Observo que isso me faz caminhar na direção de novos ideais e novos testes de serviço, a fim de que eu seja, além do filho que procura honrar a dedicação dos pais, também um companheiro da humanidade. 13 Isso não me desvincula do carinho por nossa família e nossa casa e, sim, encontro novas perspectivas de ação para ser mais útil quanto possível, aos entes amados, aos quais me prendo com os sentimentos mais puros.
14 A propósito do vovô Aristides, suponho que o papai e a mãezinha já se lembraram que ele celebra o centenário de nascimento da última existência de seus dias terrestres, neste ano de 1988.
15 A vovó Alayde (20) me pediu recordar este evento e estamos preparando uma reunião de preces em que possamos agradecer a Deus a vida preciosa do vovô Aristides, que rende tantos ensinamentos e tantas bênçãos em nosso favor. 16 Perguntei a ele o dia exato desse aniversário tão expressivo; no entanto, procurando esquecer quaisquer homenagens pessoais, ele me respondeu:
“— Lineuzinho, celebraremos juntos o aniversário que você deseja enfeitar. Escolhamos a data de doze de julho, porque assim nos reuniremos todos sem preocupações pessoais.”
17 Achei graça na determinação do vovô Aristides e conversei com a nossa querida vovó Telva, (6) com o querido avô João Ferreira Telles, (28) com os amigos Nery, (5) de Igarapava e prestaremos ao vovô o testemunho de nosso afeto e gratidão.
18 Rogo à mãezinha Elza dizer tudo isso à nossa Sandra Maria (7) e ao nosso Saturnino, (13) em Campo Grande, pois, na data indicada, todos poderemos fundir os pensamentos numa só oração de reconhecimento a Deus pela presença do vovô Aristides entre nós.
19 Meu pai, sou muito grato ao apoio que recebo de sua abnegação e ao carinho da mãezinha Elza nas estradas novas que me compete palmilhar.
20 Sinto-me agora ligado às atividades para as quais me designaram e receber as ondas mentais de ambos, abençoando-me e pedindo a Jesus proteção e socorro em meu benefício, muito me encorajam e reconfortam para seguir adiante sem fracassos ou deserções.
21 Não posso esquecer as orações da vovó Joana (17 e 29) e da nossa querida Luciana que me recordam, em nossa Ituverava, rogando a paz de Jesus para mim; paz que preciso a fim de marchar em busca das realizações espirituais que demando.
22 Agradeço aos nossos entes queridos em Campo Grande que me fortalecerem para o desempenho de meus novos deveres.
23 Queridos pais, creio que não preciso dizer-lhes de minhas saudades imensas; no entanto, sabendo que as saudades se nos fazem patrimônio, peço aos Mensageiros do Bem nos auxiliem a transformar saudades em ardentes esperanças, através das quais estejamos certos de que nos reencontraremos um dia para o abençoado prosseguimento de nossa união e de nosso amor sempre maior.
24 Peço entregarem as minhas lembranças à vovó Joana e à Luciana e, no desejo de voltar em breve ao nosso diálogo entre os dois mundos — o mundo físico e o mundo espiritual — sou, como sempre, o filho que lhes pertence pelo coração; sempre o filho e companheiro reconhecido,
Lineu de Paula Leão Júnior
20 de fevereiro de 1988.