Atendendo aos princípios que determinam o conhecimento de uma vida, necessário se torna, para transmitir os seus dados biográficos, que façamos uma retrospectiva no tempo, desde as manifestações primeiras que marcaram o início de sua existência.
Nasceu a criança que recebeu o nome de Aparecida Conceição Ferreira, no dia 19 de maio de 1915, na cidade de Igarapava, Estado de São Paulo.
Foi criada por seu tio Manoel Inocêncio Ferreira Filho, que empregou todos os esforços e recursos para proporcionar à menina e aos outros sobrinhos pelos quais era responsável, uma formação de elevado padrão moral e ainda instrução primária — quarto ano do Grupo Escolar, que na época tinha um valor muito significativo, devido ao reduzido número de escolas e à grande insuficiência de professores.
Na infância, Aparecida trabalhava vendendo quitandas e doces caseiros para ajudar no orçamento familiar, mas principalmente, para “aprender a trabalhar”.
Casou-se em 14 de junho de 1934 com Clarimundo Emídio Martins. Sempre ao lado do esposo, lutavam juntos para a manutenção da família.
ACUMULANDO RESPONSABILIDADES
A vida corria normalmente até o ano de 1946, quando um acidente trouxe consequências dolorosas para o ambiente familiar: o seu marido sofrera uma grave fratura em uma das pernas, ficando imobilizado por muito tempo.
Na impossibilidade de trabalhar, Aparecida duplicou as suas atividades para que não faltasse o pão para a família e o remédio para o esposo. E com o trabalho das suas próprias mãos garantia o equilíbrio do lar, demonstrando a sua coragem e o seu ânimo de viver.
O EXERCÍCIO DO MAGISTÉRIO
Almejando conquistar uma situação melhor para a família, Aparecida e seu esposo transferiram sua residência para a cidade mineira de Nova Ponte, onde residiu por muitos anos.
Aquela comunidade muito se beneficiou com a sua capacidade de trabalho e o seu elevado ideal de progresso. Durante todo o tempo de permanência naquela cidade, exerceu o magistério como professora primária rural, obtendo satisfatórios resultados na aprendizagem e promoção de seus alunos.
Ao lado desse trabalho e dos afazeres do lar, ainda eram solicitados sempre os seus serviços de parteira, assistindo por muitos anos o nascimento de inúmeras crianças.
APARECIDA EM UBERABA
Outra mudança de residência veio acontecer para a sua família em 1954, visando a educação dos filhos. Vieram para Uberaba, onde Aparecida se fixou definitivamente, submetendo-se aos serviços mais humildes e mais difíceis para atender as necessidades de sua casa.
Prosseguia nesse ritmo a vida familiar até o ano de 1956, quando um seu amigo de Nova Ponte, ciente da sua capacidade e atenção no tratamento de doentes, indicou-lhe uma vaga para trabalhar na Santa Casa de Misericórdia, no Setor de Isolamento, que havia sido criado recentemente naquele Hospital.
Aceitando o emprego, iniciou-se uma nova fase de sua existência de dedicação aos enfermos portadores de doenças contagiosas: tuberculose, hepatite e outras.
No surto de hepatite infecciosa que grassou em Uberaba, ceifando muitas vidas, as suas abençoadas mãos proporcionaram aos doentes a assistência da enfermagem e junto a eles, o conforto de sua presença.
À medida que o tempo passava Aparecida, no próprio emprego, acumulava experiências e adquiria conhecimento referentes aos serviços de enfermagem. Com o seu esforço e inteligência, aprendeu todas as técnicas usadas no Hospital, que constituiu um aprendizado natural para os seus futuros compromissos.
Izabel Bueno