1 O regozijo da morte
Que ninguém sabe dizer
Tem a beleza da noite
No instante do amanhecer.
2 Ouvi alguém que dizia:
— “Lá se vai o poeta morto”,
Sem perceber a alegria
Do sonho chegando ao porto.
3 No momento derradeiro,
Antes do sono feliz,
Compus em gotas de pranto
A trova que nunca fiz.
4 Afeições enternecidas,
Meus derradeiros amores!…
Deus vos salve, mãos queridas,
Que me cobristes de flores!…
5 Morte!… No termo das provas,
Senhor, agradeço a luz
Com que adornaste de trovas
As trevas de minha cruz!
Adelmar Tavares
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