(Na visita que os Srs. José Papa e Exma. Sra. Albertina Vanine Papa, Dr. José Pereira Bastos e Exma. Sra. Rita Pereira Bastos, e Ângelo Massaro, fizeram ao médium Francisco Cândido Xavier, em Pedro Leopoldo, foi por este psicografada a seguinte mensagem de autoria do Dr. Joaquim Camilo de Morais Mattos, aos seus amigos de Ribeirão Preto).
1 Meu caro Papa. Jesus nos ampare e abençoe. Dirigindo-me ao seu coração amigo reúno em meu abraço fraterno os irmãos que o acompanham em nossas preces. Velhos companheiros da sementeira espírita cristã em Ribeirão Preto, continuemos, meu amigo, a oferecer quanto pudermos na extensão da Causa do Amor e Luz que nos irmana.
2 A Doutrina que nos congrega, em sua bandeira de paz, não resume tão somente um feixe de princípios filosóficos e religiosos, induzindo-nos a simples predicação. É programa avançado de serviço aos nossos semelhantes, convocando-nos aos mais altos testemunhos de boa vontade na aplicação do Evangelho Redentor.
3 Enquanto nos demoramos na carne, deploráveis enganos e estranhas fantasias nos povoam a alma, inclinando-nos à perda de tempo, com pesado agravo de compromissos.
4 Supomos, não raro, que a mera doutrinação nos baste ao soerguimento. Excursionamos, deslumbrados, através das experiências admiráveis dos pioneiros e dos apóstolos do nosso ideal e, enfileirando conhecimentos valiosos, mas inoperantes, quase sempre, esquecemo-nos da prática viva, que compete a nós mesmos. E, por isso, em muitas ocasiões, é necessário que a morte nos restitua a visão justa, reintegrando-nos no senso das proporções que os regalos da existência corporal, frequentemente, obscurecem no campo mais íntimo de nosso próprio Espírito.
5 Que vocês, companheiros abençoados da luz e da caridade, não necessitem de semelhante despertamento.
6 Espiritismo é, antes de tudo, templo de renovação interior e instituto de trabalho constante, em cujas linhas é imprescindível assumir, cada qual de nós as responsabilidades que nos cabem, a benefício de nossa própria redenção.
7 Que seria da ideia divina do Reino de Deus sem braços dispostos a materializá-la? Poderíamos admitir a vinda do Cristo ao Planeta simplesmente para a demonstração das virtudes sublimes que lhe exornam o Espírito Glorioso? Será justo crer que a nossa Doutrina de Fraternidade surgisse no mundo apenas para descerrar a cortina que até agora esconde a vida universal à contemplação do homem, compelindo-nos ao êxtase improdutivo?
8 Aqui, meu amigo, encontramos a nós mesmos, com estas perguntas fustigando-nos a mente atormentada… Compreendemos então, que a permanência da carne, se não nos erguemos para a ação edificante com Jesus, não passa de inútil pesadelo, que nada fizemos por reduzir ou romper.
9 Quando puderem vocês, os felizes irmãos que ainda continuam em lide carnal, esforcem-se por merecer a ascensão à Esferas mais altas.
10 De nosso lado, estaremos a postos. Continuamos, ombro a ombro, junto daqueles que se constituem nossos associados de luta salvadora.
11 A morte não nos exonera do dever a cumprir. A transferência de Plano não nos investe de milagrosos poderes, à face da imortalidade.
12 O destino é edifício que nós mesmos construímos para a nossa felicidade ou para o nosso infortúnio.
13 O amor rege a vida, mas a justiça controla-lhe todas as manifestações.
14 Urge, pois, aproveitarmos o tempo, como quem sabe que o minuto é semente do século. Do que fizermos hoje falará o amanhã, tanto quanto o “agora” nos reflete o “ontem”.
15 Sabemos que vocês combatem e sofrem, no círculo das vicissitudes da Terra, entretanto, meu irmão, é indispensável movimentar o arado de nossas obrigações sem nos voltarmos para a retaguarda. Compadeçamo-nos dos que apedrejam, dos que perseguem as tarefas da boa vontade e dos que lançam o granizo do sarcasmo sobre as nossas plantações espirituais, quando trazemos no peito o coração sequioso de estímulo.
16 Peçamos a Bênção do Senhor para todos os que procuram entravar-nos o passo, não só porque necessitam do socorro divino, mas igualmente porque carecemos de harmonia para atender aos imperativos de nosso esforço cristão.
17 Refere-se você ao Ginásio Espírita, filho de tão elevadas aspirações e sentimo-nos no dever de solicitar-lhe coragem na marcha de sempre. Reunamos nossas energias, em torno dessa obra de profundo alcance para as nossas realizações.
18 A educação é serviço básico de nossa fé. Sem aprimoramento e sem preparação, sem os sofrimentos e os sacrifícios do apostolado em favor do ensino, não devemos esperar o futuro sublimado com o Cristo, para a terra regenerada.
19 Não obstante as dificuldades e os percalços da senda, prossigamos, valorosos na confiança.
20 Auxiliar a infância e a mocidade, garantindo-lhes o porvir aclarado e feliz, à luz do Evangelho, é construção a que não podemos fugir sem graves prejuízos para a nossa arregimentação doutrinária.
21 E vocês, em Ribeirão Preto, vencendo óbices consideráveis, vão concretizando valiosos projetos de reerguimento do espírito popular.
22 Não importa, meu amigo, que a incompreensão nos assedie com o menosprezo impensado. A ironia, por vezes, é a maneira mais cômoda de preservarmos a indiferença. Estamos convictos, porém, de que a bondade e o entendimento, de nossa parte, conseguirão aliciar as melhores expressões de concurso irmão, até agora distantes.
23 A perseverança no bem desintegra todas as sombras. Bastará que saibamos associar, intrepidamente, a coragem e o trabalho com a paciência e com o tempo. Não esmoreçamos, portanto.
24 Recordemos que Jesus nos aguarda há milênios, e que, por isso mesmo, não temos o direito de desanimar ou desesperar.
25 Rogo a você e ao nosso caro Bastos conduzirem o nosso pensamento amigo e confiante aos nossos companheiros de ideal e de luta, no abençoado trato de terra, que o Senhor nos deu a lavrar, e reunindo vocês todos em nosso abraço de reconhecimento, amizade, alegria e esperança, somos o irmão e servidor de sempre.
Camilo de Mattos
Psicografia em Reunião Pública.
Data — 1952.
Local — Centro Espírita Luiz Gonzaga, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas.