1 Espíritas!
Reunidos no Terceiro Congresso Espírita Mineiro, recordamos nosso deveres básicos.
2 Num século apenas de atividade doutrinária, temos a mensagem do Espiritismo impregnando a cultura de todos os continentes.
3 Venerada no santuário religioso, é o renascimento da fé; 4 erguida à ideia dos condutores, é força do progresso; 5 acalentada no lar, é ajustamento da família; 6 conhecida nos tribunais, é inspiração da justiça; 7 incorporada ao magistério, é responsabilidade no ensino; 8 assimilada nas artes, é clarão de beleza imperecível, varrendo a névoa do túmulo; 9 analisada no laboratório, é demonstração positiva de imortalidade da alma; 10 e, conduzida ao seio da comunidade popular a que se destina, é a lógica da evolução e incentivo à fraternidade, instrução e consolo, esclarecimento e esperança.
11 Em vinte lustros de serviço, surpreendemo-la, palpitante, em todos os grandes empreendimentos do mundo, exalçando a dignidade humana e desentranhando das trevas da ignorância e do dogmatismo a divina liberdade do pensamento.
12 Entretanto, no transcurso dos últimos cem anos, vimos, igualmente, o monstro da guerra tripudiar, várias vezes, sobre o sangue das nações, 13 o ódio de raça entronizado pelas inquisições sociais e políticas, 14 os campos de concentração onde o crime e a violência assumiram o aspecto de legalidade perante as legislações mais cultas, 15 a ponta das baionetas alterando a feição geográfica do Globo, 16 a perversão da inteligência nos requintados engenhos da destruição e da morte, 17 o desvario das paixões extremistas, 18 o recrudescimento das indústrias do aborto, 19 o ateísmo dominante, buscando fazer do homem simples unidade econômica, 20 e, mesmo entre nós, o grave tentame de reduzir-nos a Doutrina de Luz a mero divertimento intelectual ou a deplorável sistema de exploração da energia mediúnica com a escravização das entidades de nosso convívio doméstico.
21 Observemos, assim, que todas as nossas conquistas do espírito, no presente, são frágeis revestimentos de superfície, quando confrontadas com o lastro espesso de sombra que trazemos de nossas próprias experiências, no passado multimilenar, e vigiemos, com desassombro e lealdade, a sementeira da Nova Luz.
22 Eis porque, transposto o limiar do segundo século de trabalho que nos compete, reverenciamos, convosco, o alvo estandarte da caridade sublime, a cátedra filosófica e o gabinete da indagação científica, mas lembrando, de modo especial, o impositivo do estudo crescente e metódico dos princípios de Allan Kardec, o apóstolo inesquecível da obra basilar, que constitui a chave para a compreensão dos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus-Cristo, de cuja misericórdia verte o Espiritismo sobre a atualidade dos homens, com a excelsa missão de reerguer moralmente os povos atormentados da Terra.
23 Preservemos o alicerce, garantindo o equilíbrio e a segurança no desdobramento do edifício.
24 Sobretudo, saibamos viver em nós a lição que pregamos para que a nossa plataforma renovadora seja efetivamente o Evangelho do Senhor em constante ressurreição.
25 Arquitetos de nossos próprios destinos e senhores da nossa própria plantação no terreno das causas, sereis amanhã o que hoje somos — Espíritos desencarnados com aflitivos problemas a examinar — tanto quanto, de futuro, seremos o que hoje sois — Espíritos encarnados com difíceis problemas a resolver.
26 Nas primeiras horas de nosso ministério de redenção, exortou-nos o Espírito da Verdade: ( † )
— “Amai-vos! — eis o primeiro ensino.”
— “Instruí-vos! — eis o segundo.”
27 E agora ousaríamos acrescentar:
— Unamo-nos todos na educação e na regeneração de nós mesmos com a obra do bem infatigável, a favor dos semelhantes, a fim de que, no alvorecer de cada dia, possamos abraçar o fiel cumprimento de nossas obrigações, exclamando em perenidade de alegria no entendimento da Vida Eterna:
— Ave, Cristo! os que vão Te servir Te glorificam e Te saúdam.
Emmanuel