1 A palavra morrera na garganta.
Alguém me estende o suco de uma pêra.
Busco em vão engolir… Anoitecera…
E cresce a angústia imensa que me espanta.
2 Horas passam… A dor se me agiganta.
Não mais posso agitar as mãos de cera.
Recordo, em pranto, o tempo que perdera,
Arrimando-me à fé serena e santa.
3 Mas surge doce estrela refulgindo,
E vejo o nosso Eurípedes sorrindo…
Surpresa enorme o coração me invade…
4 Descansa agora o corpo em paz segura…
E, chorando de dor e de ventura,
Vi-me, de novo, em plena liberdade…
Cornélio Pires
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