O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


Arthur Joviano

(3º artigo)

Artigo de Conceição Andrade de Arroxellas Galvão


É deveras alentador assistir-se no momento atual, quando impera o egoísmo e a inveja paira de asas abertas sobre a humanidade, um espetáculo tal como o que se realizou há poucos dias no Distrito Federal, em homenagem ao grande educador Arthur Joviano.

É que homens como aquele não pertencem apenas à terra em que nasceram. O seu espírito altruísta, sempre voltado para as grandes causas do ensino e da família, tinha em si o entusiasmo sadio de quem não deseja nada para si e pede tudo para os outros.

Arthur Joviano foi um grande lutador.

Apesar da delicadeza quase astral do seu físico, ele conseguiu armazenar energias criadoras capazes de beneficiar toda uma geração de educandos, não só em Minas, como mais tarde, exercendo a sua atividade de apóstolo do ensino no Distrito Federal.

Todos nós, que tivemos a ventura de privar de perto com aquele grande espírito, sabemos que ele, no seu sonho de cada vez alcançar mais na luta contra o analfabetismo, esquecia-se muitas vezes dos seus negócios financeiros, prejudicando-se e aos seus.

Mas que vale o ouro vil para aqueles que já vislumbram uma vida melhor?

Arthur Joviano era como aqueles varões antigos que tudo davam de si próprios e nada exigiam dos seus pares. Fosse ele um pouco mais prático e teria ficado em colocação brilhante na sua querida Minas Gerais. Mas não! O seu destino era espalhar a semente do seu saber, da sua bondade, do seu caráter em plagas distantes das montanhas mineiras.

E ei-lo sempre ativo, a espalhar, sem vaidade e sem estardalhaço, estas preciosas sementes.

Quando da reforma “Carvalho Brito”, em Minas Gerais, foi ele o braço direito deste grande homem que agora, como um namorado discreto e suscetibilíssimo, ama de longe a nossa estremecida Terra.

Tínhamos sabido há pouco do regime da Santa Luzia. O ensino corria amparado apenas pela boa vontade dos grandes mestres, que sempre abundam em Minas Gerais.

Os governos, ocupados em outros misteres, praticavam mesmo dentro do ensino primário, fazendo remoções insensatas com o fito de agradar a este ou àquele chefe político.

O professor mineiro era uma espécie de joguete, entregue aos mandatários, às vezes analfabetos, dos distritos eleitorais. Veio, porém, o Governo João Pinheiro como uma bênção sobre o povo mineiro, trazendo consigo homens de boa vontade, como Carvalho Brito, que, tal como os magos do Oriente, batendo com a varinha na terra fértil, fizeram surgir um ensino racional e moderno, de acordo com a grandeza e a inteligência do povo montanhês.

Eu vejo, ainda com os olhos voltados para o passado, a grande atividade de muitos destes grandes espíritos que tanto contribuíram para o bem de minha terra e dentre estes destaco a figura de Arthur Joviano, a elaborar métodos de mais fácil aplicação, a ensinar ele próprio o método de sentenciação nas escolas, a dirigir a cadeira de Português na Escola Normal, a percorrer os bairros distantes para ver as instalações das escolas isoladas, exigindo sempre conforto e higiene para as crianças.

Vejo-o magrinho e de olhos profundos pelas vigílias do estudo, a fazer ele próprio movimentos ginásticos para ensinar as crianças nos primeiros galpões de ginástica, mandados executar sob sua direção. E uma saudade imensa se desdobra em minha alma daquele tempo e daquela gente trabalhadora e honesta, que visava, antes de tudo, o progresso de Minas Gerais e a felicidade do Brasil.

E agora que o Distrito Federal, por iniciativa de um grupo de distintas professoras, dá em festa brilhantíssima o nome de Arthur Joviano a uma escola, eu pergunto a mim mesma por que será que Minas Gerais, tão querida dos seus filhos, esquece às vezes aqueles que tanto trabalharam por ela?


Conceição Andrade de Arroxellas Galvão


Nota da organizadora: artigo de 20 de dezembro de 1936.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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