02|09|1942
1 Meus filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz ao coração.
2 Aqui me encontro, em nossa celebração familiar de sempre. É a mesa do amor, onde nossas almas se reconfortam no manancial da esperança viva. Quantas lutas atormentam corações mundo afora? Quantas lágrimas se represam nos olhos de quantos perderam o dom de entender o céu? Ah! É preciso desdobrar-se na vida espiritual, a fim de compreender isso. Mas os que souberem guardar a fé, meus filhos, serão salvos por si mesmos, porque atingiram a montanha da certeza bendita em Jesus. Nesta hora de guerra sangrenta do mundo, o lar cristão é uma bênção materializada. Rendamos graças a Deus pelas dádivas que nos conferiu e que vocês saibam aproveitá-las no esforço diário das experiências humanas, são os meus votos ardentes e sinceros de pai.
3 A difusão da história de Célia nos causa muito conforto e alegria. Essa edição nova trouxe muito júbilo ao nosso círculo. n Não é a explosão de sentimento egoístico que talvez nos pudesse envenenar na Terra. É a satisfação legítima de quem contempla a árvore frutífera na estrada pública. Pode ser vítima de pedradas, de tormentas, de lenhadores, mas dá sempre, sem indagar o “como”, o “porquê”, o “a quem”. A exemplificação de Célia, a meu ver, meus filhos, é parecida a essa árvore. Tomada por alguns à maneira de ficção, mal interpretada por alguns outros, mas no fundo, é a árvore augusta oferecendo folhas medicamentosas, raízes curadoras, flores que alegram, frutos que alimentam e consolam. Passe o tempo, o machado, a ventania, a árvore está em seu lugar, cumprindo a missão do benefício espiritual.
4 Relativamente ao Roberto, minha boa Maria, fiquei muito satisfeito em observar sua atitude materna. Deus a guarde e resguarde nesse plano de amor que sabe compreender. Como não desconhece, minha filha, a recapitulação de experiências terrestres não é fácil, nem o meio oferece as garantias colhidas no ambiente sagrado do lar. E o homem defronta sempre a velha luta, a velha sugestão de cada prova humana. Não se agaste com o fato de haver certa dilação para seu conhecimento nesse capítulo das lutas dele. Foi melhor assim e eu mesmo procurei cooperar espiritualmente nesse sentido. O Roberto está unido a nós por laços muito profundos e, neste momento, não desejava que ele se entristecesse ou sentisse menos coragem por enfrentar a luta. Foi melhor que meditasse, pensasse e resolvesse quase só. Ao demais, hei de preservar sempre o seu trabalho santificado de mãe. Determinadas substâncias não devem figurar no altar materno e eu não quis que se abrisse uma página de precedência. Eis, minha filha, o que se vai passando e sobre isto apenas me refiro porque devo explicações ao seu carinho maternal.
5 Quanto ao mais, cada noite lava as preocupações de cada dia. Dobraremos noites amigas sobre o assunto, até que tudo não passe de coisa vaga, sem significação no ritmo doméstico. Tudo tem seu proveito, sua fase útil, sua luz. Bastará descobrirmos o lado bom e a marcha diária representa invariavelmente a jornada para Deus. Graças ao Pai, tudo vai indo bem, seguindo os seus divinos desígnios.
6 E, por hoje, penso que basta.
7 Tenho examinado com satisfação as boas disposições físicas de ambos. Embora isso, porém, não deixem o contato, de vez em quando, com a nossa amiga homeopatia. Ao organismo sempre é útil o fornecimento de cooperação e auxílio.
8 Deus envolva vocês no manto de Sua infinita bondade e desejando-lhes tudo que a vida possua de melhor para nos dar, guardem o abraço afetuoso do papai muito amigo,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: refere-se à edição nova do livro 50 anos depois.