24|06|1942
1 Meus filhos, Deus os abençoe a todos, reunindo-lhes os corações na mesma bênção de amor.
2 Renovo a vocês os meus votos de paz pelas tarefas bem cumpridas e felicito aos netos queridos pelos dias de descanso no lar. A missão e o aconchego da família são realizações divinas, pelas quais nunca poderemos render as graças merecidas. São tesouros de inapreciável valor e que grandes massas de irmãos nossos da esfera invisível para o mundo transitório vivem disputando, fervorosamente, vendo as suas aspirações sempre adiadas. A tarefa em família é um trabalho de Deus.
3 O aconchego do lar é a bênção divina. Para conseguirmos isso, milhares de anos lutamos e sofremos, em esforço coletivo. Saibamos, pois, meus netos, pensar nisso.
4 Maria e Rômulo estão quase que semanalmente comigo. Semelhantes palestras são, para nós, um culto amado e incessante. Mas vocês, embora me sintam espiritualmente, são compelidos pelas circunstâncias a estacionar nos estudos necessários, longe do ambiente da família. Por vezes, as conversações maliciosas tentam inocular um veneno na circulação de nossos pensamentos, mas o velho avô lhes pede que se mantenham em guarda. 5 Os que disseram nos livros que a existência é uma luta estão certos, mas são raros os que reconhecem que a luta essencial não é das armas ou possibilidades exteriores: é aquela que vibra, em nós mesmos, onde somos campo, espada, general e soldado. O inimigo nos ataca fatalmente pelos sentidos, quais os conhecemos aí. A audição, sobremaneira, é sempre uma porta larga a dar acesso aos elementos mais contraditórios e estranhos! Estejamos, pois, em guarda. Quando alguém nos incline a esquecer esse patrimônio sagrado, não pode ser nosso amigo. 6 Quando você escreveu as suas páginas, Wanda, relativamente à missão doméstica através do casamento, procurei cooperar com o seu pensamento e felicito a você pelo êxito com que você catalogou os assuntos, movimentou as ideias e fez as citações. O conjunto é excelente e, de quando a quando, você deve reler aquelas páginas. São ótimas sugestões e bálsamos valiosos para quem deseja integrar-se no verdadeiro patrimônio da experiência humana. 7 Sobre o rosto, recomendo a você que não dilacere a espinha doente, nem as suas companheiras, quando se façam mais renitentes. Uma espinha é sempre um pequenino, mas poderoso foco de energias, que podem ser destrutivas, quando não as mobilizemos inteligentemente. Quando as compreendemos, entretanto, tornam-se úteis, porque significam sempre escoadouros de certos detritos da economia orgânica. 8 Naturalmente que, aos poucos, vamos substituindo os escoadouros menos belos por elementos mais agradáveis, que lhes guardem a finalidade, mas até que isso se verifique tenhamos bastante serenidade e vamos construindo devagarinho. Essas espinhas são incômodas, minha filha, mas cessarão em tempo breve, logo que você alcance outros cumes de desenvolvimento. Até que o organismo se integre no ritmo da vida terrestre as células são forçadas a muito e intenso trabalho.
9 São abelhas operosas que precisam colher a essência de nossa perseverança e boa vontade, a fim de que tenhamos, afinal, o mel saboroso da saúde equilibrada. Você, porém, está muito melhor e quase restabelecida.
10 Quanto às suas manifestações de resfriado, meu caro Rômulo, são lembranças dos serviços intensivos e ainda aqui um caso de esforço celular nos treinos vastos de resistência, em plena luta com as experiências precisas ao bom resultado de sua tarefa. Use, no entanto, o Gelseminum por alguns dias consecutivos. Os pequenos comprimidos são melhores para atender às suas necessidades, pela aplicação mais fácil. Creio, meu filho, que bastará isso e, em breves dias, estará você novamente fortalecido.
11 Quanto ao Roberto, vou auxiliando as suas energias gerais com aplicação de meus recursos, dentro do novo mundo em que me encontro. Tudo vai bem, graças ao Pai Celestial!
12 Assisti, meus filhos, a uma sublime reunião onde se lembrou a difusão do livro dedicado às memórias de Paulo e Estêvão. Não tenho palavras com que exprimir o que foi essa assembleia de luzes da Espiritualidade! Pela primeira vez, vi, não de muito perto, o grande apóstolo da gentilidade! Sua grandeza espiritual é grande em demasia para ser descrita por meu verbo tão pobre! Cale-se, pois, o meu raciocínio para que me expresse com o coração, no silêncio divino do espírito. Estêvão não veio à assembleia divina, mas hoje vou compreendendo que todos esses vultos, cheios de imortalidade e de glória, continuam no mesmo serviço de redenção humana, interessados pelo serviço de Jesus e consagrados a ele tão intensamente quanto se verificou nos primeiros dias de seu fervoroso labor sobre a Terra.
13 Sei que a reunião enviou ao grupo de vocês um pensamento de amor. Isso significa uma alegria grandiosa demais, que não posso, nem devo comentar! Que Deus lhes conceda sempre a Sua confiança divina e que a Sua luz os abençoe.
14 Agora, depois de abraçá-los a todos, retiro-me com a satisfação habitual, dando a cada um de vocês a minha saudade, em folhas de esperança.
Abraça-os, mais uma vez, o papai e avô muito amigo,
A. Joviano