27|12|1939
1 Meus caros filhinhos, Deus derrame sobre vocês a bênção de amor, de modo que a paz seja sempre o sagrado patrimônio de nossos corações.
2 A data de hoje é de muitas recordações carinhosas para nós. Detenho-me na rememoração do passado e sinto-me feliz recordando que, instintivamente, tudo fiz por reunir-lhes os espíritos no sagrado instituto da família. Hoje, que sabemos melhor da solidez dos laços que nos unem as almas, podemos entender de modo mais profundamente os dias do pretérito para extrair as lições de um passado ainda mais remoto.
3 A minha bondosa Maria está habilitada a compreender tudo, perdoando as nossas crianças, porque a verdade é que os nossos têm representado, de alguma sorte, um bando de pequeninos cheios de garrulice e de infantilidade.
4 Graças a Deus, tenho agora, para todas as coisas da preocupação humana, o bom sorriso de quem sabe confiar em Jesus primeiramente. E é com esse sorriso de alegria que trago a vocês hoje o meu coração, esperando que o ritmo de amor e de tranquilidade que o dia 27 de dezembro assinala para nós continue sempre firme, no espaço e no tempo, proporcionando aos meus queridos muita felicidade espiritual.
5 Atrás de nossos passos vem a caravana dos afetos seculares, e também dos que se reuniram a nós, desde muitos séculos, com sentimentos contrários a esse mesmo amor, os quais saberemos transfundir em laços de simpatia e de amizade. Continuemos a nossa jornada para Deus.
6 Há incompreensão ao longo do caminho? As contrariedades nos visitam o coração? Isto é natural. Caminhemos sempre, conscientes do nosso dever cumprido. O lar não é um acidente nas estradas da vida sobre a Terra. Ele constitui uma conquista suprema, podemos afirmar assim, porque de todos os bens do mundo o lar é o maior de todos, ainda que em seu seio haja luta e provações, porquanto essas experiências são o prelúdio de um bem sempre maior.
7 Vendo-os, a ambos, amparados um ao outro no refúgio doméstico, sinto no coração um bem-estar indizível e rogo a Deus lhes conceda as mesmas possibilidades de sempre, de modo a intensificarem as aquisições definitivas do espírito. Essa faculdade de organizar uma ilha de remansosa tranquilidade, no meio das ondas encapeladas do mar revolto do mundo, é muito rara e eu imploro a Jesus esteja sempre com vocês, multiplicando as suas energias para a conquista do Lar Maior, o lar definitivo da pátria espiritual, quando, um dia, nos reuniremos todos na mesma luz da realidade doce do amor. Lá não haverá mais ciúme, nem a incompreensão poderá tisnar as sagradas relações afetivas. Uma fonte de verdade pura fará jorrar das almas a ternura das afeições tranquilas e sinceras, e o veneno do mundo terá passado em seus efeitos para que em tudo resplandeça esse suave sol do amor que nós sentimos dentro do coração.
8 Deus abençoe a vocês, meus filhos, concedendo-lhes a continuidade das edificações espirituais. Vocês se uniram no mundo terrestre entre o Natal e o Ano Bom. Hão de viver sempre em festas perenes. Ficarão para sempre entre Jesus e a esperança, porque o Natal é a lembrança do Salvador e o Ano Bom é a esperança renovada. Continuem como sempre, dedicados ao bem, operosos na fé, sentinelas leais da sinceridade. A existência vale pelas expressões espirituais com que sabemos utilizá-la e eu me sinto ditoso trazendo-lhes o testemunho afetuoso do meu amor de todos os instantes.
9 Muitas felicidades lhes desejo. Para os netos, meus votos de muita alegria nas comemorações familiares de Jesus e dos pais.
10 E deixando-lhes o meu amplexo carinhoso, sou o papai de sempre,
A. Joviano