O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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O contentamento do espírito

28|11|1945


1  Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-nos a todos muita saúde, paz e luz divina. Ontem comunguei na alegria da noite comemorativa. Como não? E senti-me feliz com as belas elucidações de João de Deus, tão bem acolhidas e transmitidas por vocês.

2 O contentamento do espírito, no trabalho do Senhor, torna o coração mais dócil à Sua vontade. A alegria que trouxeram ontem ao culto era divino pão espiritual, que nos reconfortou a todos. Que Jesus lhes conceda, meus filhos, longos e abençoados anos de felicidade e união, é meu voto ardente! Fiquei satisfeito com a tranquilidade e o júbilo que manifestaram, porque eu sabia que, no fundo, as notícias de Roberto não haviam sido alegres. Esforçaram-se, porém, para relegar o assunto a plano secundário, e fizeram muito bem. Na encarnação presente, a data simbólica de 27 veio antes dele. Justo que o vinho sagrado da satisfação doméstica não se transformasse em vinagre de preocupações. Esse serviço da alma, dia a dia, colocando cada coisa e cada ocorrência em lugar próprio, forma a realização divina a que se referem, muitas vezes, os nossos maiores na Esfera superior. Conceda-lhes o Mestre seus preciosos ensinamentos, cada dia, enchendo-lhes o caminho terrestre de edificações concretas no terreno do espírito eterno para a vida imortal.

3 Passando, em seguida, ao campo diferente, reafirmo-lhes o meu propósito de velar sempre pelo neto que me é tão caro. Sei que vocês se contrariam, com razão, à frente de experiências que não desejávamos, entretanto, reduzamos, quanto possível, a quota dos dissabores.

4 A época está repleta de elementos perturbadores. Quase impossível a completa imunidade da juventude. Aqui os companheiros levianos, acolá as mil seduções da estrada, sob aspectos multiformes, na região da política e da fantasia. Precisamos improvisar recursos de compreensão para que os vulgares acontecimentos não se gravem como devem ser gravados os bons acontecimentos. Além do mais, ainda mesmo que persistam em nosso altar interior a imagem do nosso rapaz como adorável criança, perante o mundo é agora um homem quase feito, com quem precisamos criar a atmosfera de sadio entendimento. Grande é a luta, bem sei. Todavia, as armas se modificam. Hoje, o argumento silencioso e indireto, o conselho fraternal, a observação sem rumo, a prece, a cooperação espiritual representam o material da batalha. Tenhamos, pois, coragem sem desânimo e prudência calma para que a semeadura frutifique a seu tempo.

5 Não descreio do porvir, mesmo porque, em semelhante idade, não consegui apresentação muito melhor e como professor, velho, tive inúmeros “filhos espirituais” que me deram mais fortes e violentos motivos para perder a serenidade e a confiança. Vocês, porém, não têm estado em contato com a turba de maus alunos e, naturalmente, sofrem muitíssimo. Encerremos, todavia, o assunto e quanto a vocês comentem-no, ainda mesmo em plano mais íntimo, quando estritamente necessário.

6 Rômulo, vou acompanhando sua luta com as manifestações das últimas semanas e louvo seu esforço laborioso. O fenômeno é natural, a quem, como você, não recebe responsabilidades simplesmente para entretenimento. Ultimamente, o assédio das vibrações adversas cansa-lhe o sistema nervoso com mais intensidade, estabelecendo desequilíbrios reflexos em órgãos de importância fundamental. Não tenho elementos técnicos para expor o quadro psíquico (porque não posso dizer físico) da situação, mas não posso sintetizá-lo, lembrando que, como professor, daria a você a nota máxima em trabalho, não podendo fazer o mesmo em descanso. Você, agora, vai aprender essa arte importante e séria. Para conquistá-la, não recorrerá à indiferença, à insensibilidade diante do dever a cumprir e sim criará uma noção vigorosa de “balanço interior” para que não se mortifique por aqueles que estão semeando espinhos para si próprios. 7 Recordo, nesse sentido, os estudos da esmola material. Você sabe que não devemos dar recursos a quem, deliberadamente, os menospreza e ante as situações menos definidas guardaremos expectativa prudente antes de dar. Assim é o sentimento também. Não o disperse, supondo fazer bem, em favor daqueles que não o compreendem, ainda mesmo quando esses nos sejam muito estimáveis. Façamos o possível por eles, sem dispêndio excessivo de forças, porquanto a esmola costuma prejudicar os que a recebem, sem consideração pelo seu valor.  8 Também o nosso sentimento ativo, dispensado em benefício dos que não se encontram preparados para recebê-lo, com proveito, pode ser nocivo aos que servimos e amamos. Digo isto porque você merece os meus cuidados nesse setor e não os expressaria aqui se não o visse preparado devidamente para acolhê-los com utilidade para nós ambos. O organismo suporta as vibrações a que demos guarida até certo limite e não desejo vê-lo dispondo de patrimônio tão sagrado por outros que desconsideram a dádiva.

9 Não sei se consegui explicar-me como desejava, mas entender-nos-emos no silêncio, quando estivermos mais a sós.

10 Continue com a sua medicação e, sobretudo, com as aplicações magnéticas. Será enorme proveito.

11 Agora, devo recordar o “ponto final” no papel. Prossegue a conversação em outra esfera.

12 Maria, a você e à Wanda os meus afetos.

E reunindo-os num só abraço muito afetuoso, sou o papai muito amigo de sempre,


A. Joviano


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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