22|06|1945
1 Meus caros filhos, que Deus abençoe a vocês, concendendo-lhes muita paz e saúde, reconfortando-lhes o espírito na luta diária.
2 Novamente de regresso, meu caro Rômulo, será conveniente atacar o resfriado que persevera com o Eupatorium, Aconitum e Gelseminum, amanhã e depois de amanhã. Essa providência, aliada aos recursos magnéticos naturais que você vem compreendendo e aplicando, com muita oportunidade, fará o maior bem ao seu organismo. Convém usar os gargarejos de ordem alopata, caso se façam indispensáveis. Foram fornecidos como elemento de reserva, em caso de necessidade imprescindível. Igualmente, o remédio destinado aos olhos tem a mesma observação de nosso cuidado afetuoso. Atendamos aos casos de luta pelo restabelecimento orgânico a confiarmos na vontade e bondade de Deus.
3 Relativamente aos nossos problemas de assistência doméstica, no Rio, estamos fazendo tudo que é possível. Aguardemos a vinda do Roberto, com satisfação e encorajamento. Sejam os dias próximos ensejos de incentivo e fortalecimento a ele. Convém falarmos ao seu coração da necessidade de aproveitamento máximo dos meses próximos. Espero que a sua mocidade esteja mais experiente no trato com os professores e nas relações com os colegas, entretanto, é útil que vocês falem disso, recordando-lhe a oportunidade da calma, da serenidade, da tolerância nesse período de sua formação para a vida prática. Os conselhos do lar são para ele verdadeiramente básicos para que os valores intelectuais se fixem na sua organização mental, com êxito preciso. Sem essas bases, não conseguiria fazer tanto na presente encarnação. Que lhe sejamos fértil de realizações úteis e edificantes. Esperemos cheios de fé.
4 Quanto a você, minha querida Wanda, esperamos para breve a sua entrosagem na máquina de serviço construtivo, iniciando uma luta nova. n Deus a abençoe e proteja, minha neta! Nessa nova fase, mantenha o seu coração sempre vigilante. A cultura da amizade é, talvez, a questão mais difícil na “botânica espiritual”. É preciso guardar sempre o coração, porque onde o colocamos aí reside o nosso tesouro. Não digo isso a você como quem aconselha, mas como avô carinhoso que previne. Geralmente, no jardim do trabalho, há sempre detalhes que mais nos chamam a atenção. Isso é natural e fatal. É da luta humana e do quadro da vida. É necessário, porém, permanecer o nosso espírito em posição de vigilância para que não soframos e sem estacionemos, aqui ou ali, porque, mesmo para nós outros, que já nos afastamos das fronteiras da carne, prevalece o imperativo de “não parar no caminho para o Mais Alto”, nem mesmo ao lado dos mais belos chamamentos.
5 Assim, pois, minha neta, vá ao seu trabalho nobre e digno e fortaleça-se cada vez mais no cumprimento dos seus deveres. Falando assim a você, felicito a Rômulo e à Maria pela medida, porque seu espírito ganhará muito e preparar-se-á, convenientemente, a caminho do futuro, cada vez mais belo e melhor. Meu grande abraço pela sua decisão e meus votos para que suba aos mais elevados cargos e não se esqueça de ir se preparando para concursos que proporcionem a você mais satisfação e alegria de trabalhar e servir na obra dos homens de bem, que é a obra de Deus.
6 Ficamos, Rômulo, muito satisfeitos com a prudência que adotaram em Leopoldina, referentemente ao movimento de Espiritismo, junto dos companheiros de crença. A hora, meu filho, pede muita vigilância, nesse particular, em virtude dos debates abertos à opinião pública, em função de política que amesquinha, ao invés de engrandecer. E não falta o espírito calunioso nas grandes cidades que vocês visitam, na qualidade de servidores dos encargos pelos quais são responsáveis, razão pela qual será útil manter essa atitude de expectativa e mesmo de retraimento para que não se confunda o trabalho com perturbação. Estamos muito contentes e esperamos que não lhes falte a orientação necessária no campo de luta. Há sempre que contar com os espíritos, embora só devamos acreditar nas flores e aguardar os frutos sadios. Daí a necessidade de preparação e compreensão do agricultor frente às estações diversificadas.
7 Agora despeço-me. Desejo-lhes uma noite feliz!
O seu amigo Raphael ainda sofre muito, embora se encontre amparado. Pense nele quando você meditar. Isso o ajuda, transmitindo-lhe forças.
8 Na hipótese de se reunirem os amigos em seu lar, amanhã, não será conveniente oferecer-lhes a “hora espiritual”. Se eles pedirem, é outro caso. Estarão no dever de aceitar o que lhes for trazido. Refiro-me à necessidade do não oferecimento, porque não podendo citar nomes, devo dizer que somente um deles está preparado para o caminho. Os outros ainda não possuem os “pés” para este solo que agora pisamos juntos e têm de criá-los ainda, não obstante haverem desenvolvido outras qualidades superiores, que os tornam pessoas respeitáveis e amigos muito dignos em serviço de Jesus na Terra, em outros setores diferentes do que relaciono aqui nestas despretensiosas palavras de pai.
9 Boa noite, meus filhos! Que a Divina Paz lhes guarde o coração, agora e sempre, é o voto ardente do papai muito amigo que não os esquece,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Refere-se à prova de habilitação para a função de Praticante de Escritório da Tabela de Mensalistas do Ministério da Agricultura. Fui nomeada em 1º de agosto de 1945.