11|04|1945
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz aos corações.
2 Rômulo, venho assinalar, com muita satisfação, as suas melhoras da saúde. Sua posição melhorou muitíssimo, posso dizer assim. Quase nenhum processo inflamatório, mais equilíbrio e vizinhança crescente da normalidade. Estou confortado com a modificação do plano que se esboçava para o seu trabalho pessoal no mês de abril. Foi excelente solução a que se chegou, porque, para falar a você com franqueza, estava preocupado com a expectativa de uma excursão tão longa para o seu campo físico, qual a de Montes Claros para a frente. Seria arriscar, de algum modo. Se necessidade premente houvesse, não só no setor do serviço, como também na esfera dos compromissos de ordem moral, creio que deveria você prosseguir até o fim, ainda que os sacrifícios da saúde chegassem a perigosas consequências. Mas, como observamos, todo o processo de modificação obedece a fatores naturais, que não deixam qualquer fundo de preocupação em seus pensamentos. Esperemos.
3 Assim você tem encontrado mais tranquilidade interior para contribuir nas melhoras. Não obstante a medicação iniciada, sua nova situação apenas começou quando sua mente alcançou o repouso para desligar-se dos compromissos mais fortes no caso. É também um ensinamento: enquanto estamos inquietos dentro de nós, quando na carne, não oferecemos concurso eficiente às forças curadoras e libertadoras que nos cercam. Sem a paz íntima, é difícil curarmo-nos de qualquer mal.
4 Graças à Providência Divina, contudo, a paisagem é outra. Que Jesus abençoe os seus propósitos de serviço e as suas boas disposições no ministério confiado ao seu coração e às suas mãos.
5 Agora, meus filhos, cerquemos a situação do Roberto com as defesas precisas. Em toda a correspondência dirigida a ele, falem-lhe da necessidade de se equilibrar nas diversas matérias do curso, procurando acentuar-se na matemática e, no segundo semestre, convém ministrar-lhe a colaboração de um explicador nesse sentido. Como sabemos, Roberto é portador de algumas necessidades de luta um tanto fortes e esses conflitos no campo dos estudos lhe constituem verdadeiras provações. Que estas existem é inegável. Mas temos de enfrentá-las de ânimo sereno e sentimento forte, vencendo-as com a nossa fé em Deus e perseverança no esforço, dentro das tarefas assumidas. Neste ano, seja a nossa política amorosa com base na advertência vigilante. É difícil falar aos moços, mormente quando os jovens, como o nosso, possuem um caráter bem formado e um espírito varonil. Entretanto, ainda assim é preciso aconselhar sempre, porque temos uma experiência maior e as palavras da prudência doméstica representam luzes no caminho dos que partem à procura das realizações legítimas da evolução. Trabalhemos confiantes em Deus.
6 Assinalamos com prazer o bem que receberam os nossos amigos na permanência última entre vocês. Principalmente D. Júlia precisava retemperar-se. O General, por certo, é dono de um belo coração, dado ao sentimento e ao carinho, mas é homem, e um homem, na altura de nossa civilização, detém obrigações muito diferentes da mulher. Há para ele horizontes sempre variados, enquanto que para a mulher, mormente para a que se ergueu em mãe devotada e heroica, o quadro de lutas exige mais dores, renunciações e sacrifícios. No mundo, necessitamos, muitas vezes, do refúgio do reconforto. É uma necessidade a que nenhum encarnado pode fugir.
7 Que Deus conceda a possibilidade de ser a “praia acolhedora”, oferecendo aos companheiros de luta os elementos de serenidade e reparação.
8 Agora, despeço-me. Recomendamos à Maria e Wanda o Gelseminum e o Eupatorium. Parece incrível que haja tanta necessidade dos preventivos contra a gripe, mas o momento de tantas instabilidades na temperatura assim exige.
9 Boa noite, meus filhos! Que a paz de Deus guarde vocês em Seu infinito amor.
Um abraço muito afetuoso do papai e vovô de sempre,
A. Joviano