20|12|1944
1 Meus caros filhos, que Deus abençoe a todos vocês, concedendo-lhes muita saúde e paz nos corações.
2 Antes de tudo, quero agradecer-lhes a comovedora noite de 14 último. Foi um acontecimento de elevada significação para mim, que não mereço tantas bênçãos. Que Jesus me faça digno da confiança que em mim depositam e me auxilie a consagrar as melhores forças de meu espírito à execução de sua divina vontade.
3 Nossos amigos todos fizeram-me sentir, numa formosa assembleia de amor, quanto é bom o nosso Mestre divino! O nosso recinto de trabalhos evangélicos estava cheio de claridades benditas, que nos envolviam a todos em celestes vibrações de vida eterna. A lembrança de Casimiro Cunha falou-me profundamente ao coração! Joviano, Mariquinhas e quantos amigos nossos abraçavam-me sensibilizados! Dez anos de vida verdadeira no Plano espiritual, em que, pela graça de Jesus, não permaneci inativo.
4 A nossa irmã Engrácia convidou-me a falar ou escrever, mas… a emotividade era grande e preferi o silêncio com a oração de agradecimento e júbilo sinceros. Entretanto, meus filhos, estou falando demasiadamente de mim, quando apenas desejava registrar a minha gratidão espiritual e o meu contentamento íntimo.
5 Que Jesus recompense a vocês sua noite de luz e amor. Agradeço as lembranças de todos, acrescentando que das flores trazidas retirei o perfume do carinho e da dedicação de vocês, tesouro esse que guardarei comigo para sempre.
6 Agora, Rômulo, quero dar-lhe os meus parabéns por mais um ano de lutas. Meu novo aniversário é vizinho do seu. Entre o 14 e o 19 de dezembro, a distância é de reduzidas horas. Seja feliz, meu filho, com as suas preocupações e com os seus trabalhos. No ideal construtivo do sentimento afeiçoado a Jesus, é preciso suportar as dificuldades do caminho áspero. 7 Não olhe para trás como quem encontra “claros”, que talvez pudessem ter sido preenchidos nos primeiros tempos da mocidade. Se contemplar o passado, não retire dele senão o “pólen” das experiências para fecundar as novas ideias de hoje. Cada criatura escolhe o pano de fundo de sua vida. Alguns preferem o das saudades lamentosas, outros, porém, mais avisados no terreno da fé, escolhem o pano luminoso da esperança. Esteja certo, em seu novo roteiro de cristão, que os melhores tempos são os de agora. A luta vai desfazendo dificuldades, a experiência vai dissolvendo enganos e, em verdade, o homem que adquire os valores que você está catalogando sente-se cada vez mais sozinho no mundo. 8 Não é a solidão “física”, se podemos dizer assim, mas a soledade das ideias, dos pensamentos, dos ideais. Console-se, meu filho, pensando que Jesus teve igualmente as suas fases de deserto, não obstante estar sempre ligado à multidão de coisas, deveres e pessoas. Isto é um imperativo para todo o aluno que aprende a lição. No princípio do curso, o desconhecimento reúne todos os companheiros e, no curso dos trabalhos educativos, a camaradagem afetuosa irmana todos os aprendizes. Mas com a lição organizada, absolutamente adquirida, a fase é bem outra. Converte-se a conquista em preocupação, porque toda experiência elevada incorpora-se ao patrimônio de seu possuidor, reclamando concretização. Este é o tormento dos donos do pensamento. Eles sabem, conhecem, identificam os valores, mas não encontram possibilidades.
9 Isto, porém, aconteceu com o próprio Cristo. Ninguém melhor que ele conhecia o estado, as necessidades e as probabilidades do mundo, mas começou a fase conhecida por “cristianismo” há vinte séculos, enfrentando os maiores tropeços para realizar a vida eterna com eterna alegria para todos. Também ele conheceu a solidão e não lhe escapou nem mesmo nas horas finais. Desse modo, meu filho, continue o seu trabalho mesmo assim. Não faço melancolia, absolutamente. Meu espírito está vibrando de júbilo! Desejo apenas falar de seus trabalhos interiores, fortalecendo a sua resistência e incentivando os seus valores de confiança em Deus, e em si mesmo. 10 Seria uma catástrofe se todas as coisas da Terra viessem imediatamente ao encontro de nossos desejos, sem a integração indispensável, na verdade, do serviço no bem. A luta do homem no trabalho cede essas características em todos os tempos e ainda as terá, na Terra, por muitos anos. Aqui poderemos falar de evolução por afinidade, mas aí na superfície do Planeta a lei é diferente, a evolução opera-se através de contrastes e desarmonias aparentes. No seu aniversário, portanto, não tenho uma lembrança material para trazer-lhe, mas ofereço a você o meu coração amigo, Esteja certo de que o meu carinho é invariável. Que Deus o abençoe sempre e encha de luz as suas estradas de redenção!
11 Agora, meus filhos, desejo reuni-los num grande abraço, com os meus votos de Natal feliz, esperando que o ano novo de 1945 seja portador de muitas venturas e boas realizações para vocês todos. Na grande noite, Jesus há de conceder-lhes, como sempre, a sua divina bênção, para que, como vaso sublime, possa o coração de cada um cultivar-lhe as plantas celestiais de amor e luz, bom-ânimo e esperança. Confiemos sempre e sigamos sem medo. Este deve ser o lema de nossas almas em todas as horas do aperfeiçoamento que a luta nos oferece.
12 Ainda não cumprimentei o Roberto, particularmente, o que faço, agora, desejando-lhe felicidades nos estudos de matemática. As ciências exatas, Roberto, são tormentos dos homens, mas enquanto não lhes resolvemos os problemas não conseguimos a libertação do cativeiro de situações inexatas. Muitas reencarnações enfrentarão nossas almas até aprender a matemática divina dos sentimentos em Cristo. Isso, contudo, não impede o esforço intensivo de nossos espíritos para ganhar cada vez mais tempo e terreno. Em vista disso, espero que você não esmoreça. Estude e prossiga. A existência terrestre é uma carreira.
13 Relativamente à saúde, vão todos regularmente, entretanto, lembro ao Rômulo o uso de Ipecacuanha com o Lachesis. Está ligeiramente resfriado e esses elementos lhe farão bem.
14 E agora, meus filhos, renovando-lhes o meu reconhecimento, deixo-lhes todo o meu afeto. Que o Senhor conceda a vocês um Natal cheio de saúde do corpo e paz do espírito — os dois grandes dons pelos quais devemos insistir sempre, trabalhando e cumprindo as divinas leis.
Guardem o abraço muito afetuoso do papai que não os esquece,
A. Joviano