06|12|1944
1 Meus filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita saúde e paz.
2 É o momento de nossa oração, instante divino para a nossa vida espiritual, no qual a escada da prece nos oferece possibilidades idênticas para a sublime ascensão a Deus. Bem-aventurados os minutos despendidos neste trabalho santificante. Podem crer que as tarefas em tais ocasiões são muito grandes e que vocês cooperam significativamente conosco.
3 Sigo de perto o interesse que vocês manifestam frente às revelações fraternais de André Luiz. Serviço muito meditado e medido, esperamos que as mensagens desse nosso amigo possam acordar a muita gente que dorme.
4 O mundo pede observações concretas para o culto individual da fé em cada homem. A extensão dessas necessidades é francamente incomensurável. Hora muito grave para as instituições terrestres, as que o mundo atravessa, porque sem base religiosa a criatura não consegue progredir e viver dignamente. Poderá, sem dúvida, vegetar na “flora” das situações cômodas da Terra ou “irracionalizar-se” na “fauna” dos seres de sentimentos embrutecidos.
5 Para elevar-se a Deus, escalar montanhas do ideal santificante, sofrer pelo bem coletivo, aprender a servir o próximo, somente o caminho religioso pode colaborar eficazmente. Daí a necessidade de esforços desse setor, chamando cada discípulo de Cristo para dentro de si mesmo, indicando-lhe a descoberta de forças divinas de que é portador, embora a quase ignorância dentro da qual tem vivido. 6 Vocês podem observar um fenômeno interessante no Espiritismo é o da intensificação da procura de fé. Verdadeiras multidões acercam-se dos núcleos de serviço espiritual, trazendo doenças, problemas, angústias, ansiedades várias… Todos pedem remédios, socorros e soluções! É o que eles solicitam, mas, no fundo, não é o que necessitam. Os amigos espirituais, por sua vez, quanto é possível, atendem e ajudam. Mas sabem igualmente que estão apenas movimentando recursos provisórios para situações passageiras. Entretanto, se vêm, se atendem, se colaboram, é que, no fundo, também eles trazem a esperança de acordar o germe microscópico das possibilidades sublimes que dormita em cada coração e em cada consciência.
7 Lutam, trabalham e, por vezes, perdem realizações e tentativas, que gastaram grandes potenciais de esforço e tempo. Mas renovam a experiência nas tarefas do bem quantas vezes sejam necessárias para levantar, no mundo, o verdadeiro conhecimento espiritual da vida. Nesse ponto, eles se assemelham aos técnicos do Morro Velho, que retiram alguns gramas de ouro do centro de muitas toneladas de pedra bruta. Carreiam-se cascalhos, lavam-se detritos, arquivam-se elementos venenosos para estudos, mas algum ouro sempre ficará.
8 Agora, porém, o mundo necessita desse “metal divino do conhecimento”, em maior quantidade e em mais apurada qualidade. Desse modo, vocês têm razão saudando intimamente o aparecimento desses trabalhos novos. Muitos não se encontram habilitados a compreendê-los e, como é natural, preferirão o terreno da ironia, da indiferença e das observações ingratas, mas é preciso respeitar-lhes a posição evolutiva, como devemos respeitar e auxiliar a um animal promissor e útil. Dentro dessas normas, tudo se processará de acordo com as nossas necessidades no campo de execução da vontade de Deus.
9 Relativamente aos sonhos, muito teríamos a dizer, mas será conveniente esperar que se passem mais dias. De uma verdade podem vocês estar convencidos: quanto mais elevada é a atitude da alma na vigília, mais elevação deve esperar no serviço que lhe será conferido nos trabalhos do sono físico, repouso aparente, repleto de atividades múltiplas para todas as criaturas.
10 Aí, porém, é que seremos defrontados cada vez mais pelo marcante individualismo na obra divina. A vida espiritual de um homem depende exclusivamente dele. Na vigília, poderá adaptar-se a situações nem sempre verdadeiras. Mas na experiência de espiritualidade que faz cada noite, no Plano invisível, cada qual se mostra tal qual é. Daí a necessidade de maiores serviços de autoexame, quando um sonho estranho venha ferir a sensibilidade. Alguma raiz do passado distante da expressão divina permanece no “solo profundo do subconsciente”, raiz que é preciso arrancar como o lavrador opera depois da derrubada e da queimada, antes do plantio.
11 Semear elementos divinos em promiscuidade com certas “plantas de nossas paixões” não é de bom aviso. Limpemos a “terra”, arroteemo-la como se faz necessário, pois somente assim haverá felicidade na semeadura. Assim, digo, porque aqui também, onde estou, temos sono e temos sonho. Cada qual de nós tem experiências que nos são próprias no lar de eterno amor, que nos é comum a todos. Esta é a fórmula com que defino a nossa situação presente.
12 Tenho cooperado em auxílio do Roberto, como me é possível. Esperemos.
Peço à Maria continue no uso dos medicamentos, que a sua melhora tem sido grande. Caso surja a dor da garganta, pode acrescentar o Eupatorium por dois a três dias.
13 E agora, meus filhos, desejo-lhes muito boa noite. Vocês trabalharam, agiram e oraram. Agora descansem. Guarde-os Jesus em sua divina paz.
E reunindo-os num grande e afetuoso abraço, deixa-lhes muitas lembranças o papai muito amigo,
A. Joviano