22|12|1943
1 Meus filhos, que Deus abençoe a todos vocês, reunindo-lhes os corações na mesma vibração divina de paz.
2 Antes de tudo, venho trazer-lhes os meus votos de um Natal muito feliz! Que os nossos pensamentos se unam, mais uma vez, em busca do Mestre divino, apreendendo-lhe as bênçãos imortais.
3 Em semelhantes ocasiões, as notas espirituais entre as Esferas visíveis e invisíveis são mais belas! Algo nos faz sentir a estrela da grande noite no céu do coração. Esperanças mais nobres florescem-nos no espírito e santas aspirações nascem no campo de nossos ideais. E uma bênção de Jesus, meus filhos, chamando-nos à Espiritualidade Superior.
4 Cada ano é um passo na jornada. No fundo, parece que todos os passos são idênticos entre si, mas é pura impressão. Cada um marca certas aquisições, valores e possibilidades diferentes. E assim podemos imaginar a existência terrestre como jornada para o Mais Alto. 5 Podemos até criar certas classificações para os viajantes. Os que se caracterizam pelo passo seguro e firme são os que sabem medir a ex tensão das oportunidades recebidas, seguindo com a devida noção das responsabilidades assumidas. Os que se embevecem totalmente na contemplação do firmamento, em sua expressão especial, podem ser vítimas de grandes tropeços na Terra. Os que restrinjam a visão às paisagens terrenas podem ignorar os sublimes ideais da altura. Os indiferentes e absolutamente despreocupados, quanto ao dever a cumprir, costumam rolar desfiladeiros abaixo. 6 Observamos, pois, desse modo, que a melhor atitude é a do equilíbrio entre o céu e a terra, entre o ideal e a realização. Somente assim é possível caminhar com harmonia e nós sabemos, mormente o Roberto com a última experiência militar, que o passo precisa ritmo. 7 Que o Natal, portanto, nos reúna ainda e sempre no mesmo doce aconchego familiar. Não é simples convenção cronológica. É oportunidade de aproximação mais intensa em Jesus, cuja grandeza divina vamos compreendendo, devagarinho, à medida que dilatamos as possibilidades respectivas da mente e do coração. Trago, hoje, em particular, meus parabéns de avô à nossa querida Wanda. n Estive com você, minha neta, quase em todas as suas atividades últimas no colégio. Que Deus, Wanda, conceda ao seu coração muita força para continuar. 8 A formação espiritual com os livros é aquisição de roteiro para formação espiritual com as realidades. Prossiga, minha prezada Wanda, na sua caminhada de realizações objetivas. Que a lâmpada do seu coração seja sempre alimentada pelo óleo da razão sadia. Somente assim, minha filha, é possível jornadear com êxito no mundo. 9 O coração não deve viver sem raciocínio. O raciocínio não deve persistir sem o sentimento. A noção de equilíbrio deve ser uma preocupação para nós todos. Por agora, descanse, refaça energias. O trabalho mental é também exaustivo, mormente considerando as suas “corridas de pensamento” para “espanar todos os conhecimentos” em fase de recapitulação geral. Felizmente, tudo correu bem e tive o prazer de ouvir a sua palavra, tecida em louvores, agradecimentos, afirmações, considerações e promessas justas. Que Jesus abençoe a você, iluminando-lhe a estrada.
10 Relativamente à saúde, a sua posição tem melhorado muito, principalmente em nos referindo ao seu rosto. Suas melhoras da pele são muito confortadoras para nós e dizem alto da excelência dos resultados de um tratamento homeopático. Sei, Wanda, que, muitas vezes, foi preciso que a nossa querida Maria se lembrasse de alertá-la pra a medicação necessária, dado o seu desprendimento pessoal, mas, creia, minha filha, que a manutenção da saúde deve ser um culto para todos nós. Felizmente, verifico suas melhoras e dou-lhe minhas felicitações igualmente por isto.
11 Agora, você e o Roberto repousem um tanto. O lar faz sempre bem ao coração. Cada coisa, cada situação dentro dele é uma dádiva que vem do Alto. Espero, desse modo, que continuem valorizando, cada vez mais, os dons divinos.
12 Quanto a você, meu caro Rômulo, vamos seguindo juntos, lutas afora. As grandes tarefas exteriores dão, paz ao interior. Vamos reconhecendo gradativamente, meu filho, que a paz é uma espécie de fruto do trabalho incessante.
13 Chego mesmo a concluir que, na atual fase de nossa pressão evolutiva, podemos traduzir a preocupação exterior por tranquilidade interior e a ausência dessa preocupação por tormento íntimo da alma. Queremos realizar com o bem e para o bem e, por isto mesmo, temos de sofrer a influenciação do mal. É razoável. O essencial do esforço, porém, é a perseverança. Por ela, formou-se a Terra. Basta meditarmos nisto para alcançarmos grande descanso.
14 Aqui, Maria, veio conosco a nossa irmã Engracinha, que vem fazendo tudo pelas melhoras do Clóvis e pelo bem-estar da Aurélia. n Pede-me a nossa amiga transmitir a vocês, incluindo a nossa irmã Júlia, os seus votos de muita alegria no Natal e de muita saúde, paz e felicidade no Ano Novo de 1944.
15 E abraçando-os, com o afeto de sempre, reservando um braço para os filhos e o outro para os netos, sou o papai e o vovô amigo de sempre,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Refere-se à conclusão do curso ginasial, tendo sido eu a oradora da turma.
[2] Nota da organizadora: Refere-se à irmã de Maria Joviano, casada com Clóvis. Nesta encarnação, Clóvis padeceu de distúrbios neurológicos. Aurélia, muito espírita e dedicada, foi Túlia Cevina, personagem do livro 50 anos depois.