27|10|1943
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz ao coração.
2 Se minha memória não está falhando, creio que hoje fazem vocês 238 meses de lar feliz. n Cumprimento a ambos com um grande abraço, desejando-lhes a continuidade da paz e da alegria.
3 A união espiritual no casamento verdadeiramente espiritual é o maior tesouro que conhecemos. Por aí afora ruge o mundo velho, com as lutas milenárias, nações contra nações, grupos contra grupos, reinados que se estraçalham, coroas que rolam para sempre no pó… Tudo — a velha questão dos velhos desentendimentos. E creiam vocês, meus filhos, que a desarmonia começa no lar. 4 Sem organizações domésticas equilibradas, jamais terá equilíbrio este mundo. Compreendo, desse modo, a profunda felicidade de vocês, porque, ainda que lá fora se verifiquem as lutas do ódio e da ambição, ainda que os salpicos de pó ameacem a organização de vocês, sentem ambos no coração a alegria de quem caminhou à frente, valorizando as paisagens, identificando-lhes as riquezas e fornecendo notícias delas aos desesperados viajantes que se perderam ao longo dos caminhos comuns. Rendo, pois, muitas graças ao Senhor, com vocês dois, em cada pequeno aniversário da felicidade conjugal. 5 Unamos as nossas forças e sigamos para diante, visão espiritual fixando a frente, e coração posto no Alto. A viagem é longa, as estradas nem sempre suaves, mas se consultarmos atentamente o roteiro de Cristo, que é o Evangelho divino de seu divino amor, atingiremos o objetivo essencial sem desastres ou surpresas angustiosas. Sempre que possível, distribuamos de nossa merenda farta aos que preferem ficar em determinados pontos dos caminhos, e prossigamos sem preocupações pela atitude que preferiram. Nada mais podemos fazer, senão algo que os auxilie no setor de alimentação e é só. A parte restante do problema será resolvida entre eles e o Mestre justo.
6 Maria, peço a você saudar os meninos em meu nome, pois não sei se conseguirei escrever antes do aniversário de ambos. Faça isto por mim, minha filha. Todas as pequenas flores de afeto que se ligarem à flor sublime do amor de mãe tornam-se mais ricas e valiosas. Assim serão os meus parabéns por intermédio de suas mãos e de seu coração.
7 Tenho buscado contribuir pelo êxito de Roberto e Wanda nos estudos, como me é possível. Como sabem, a luta não se poderá evitar, mesmo porque educação implica aperfeiçoamento. Estou, porém, confiante em Jesus quanto aos resultados. Submetamo-nos aos desígnios do Senhor e trabalhemos quanto nos seja possível.
8 Relativamente à saúde, Rômulo, você e Maria vão indo bem. A visita direta de Narcisa foi muito benéfica a nós todos. Ela continua vindo sempre, devotadamente. Creio que ela própria encontra certo prazer nesse auxílio que nos vem prestando, em vista de estar se preparando, por sua vez, para nova existência na Terra. De mim mesmo, meus filhos, sou a ela sinceramente reconhecido.
9 Aconselho a ambos, entretanto, a continuidade do uso da homeopatia, sendo que a Maria deve usar os que constou das últimas indicações, relativamente a resfriados. Poderá usar dia sim, dia não, durante oito a dez dias.
10 Agora, meus filhos, deixo-lhes o meu boa noite, muito afetuoso. Que o Senhor da Vida conceda a vocês, sempre e sempre, a árvore bendita da união perfeita na Terra. A sombra de seus galhos sublimes, vocês semearão outras árvores e edificarão muitas obras no mundo, até que, um dia, ascendendo felizes aos seus ramos, possam galgar o luminoso caminho da Espiritualidade Superior.
São estes os meus votos muito sinceros, com um abraço muito amigo do
Papai
[1] Nota da organizadora: Rômulo e Maria se casaram em 27 de dezembro de 1923, portanto, até outubro de 1943, 238 meses certos.