31|03|1943
1 Meus caros filhos e prezados amigos, n que Jesus lhes conceda muita paz de espírito.
2 Estamos ao lado de vocês, regozijando-nos igualmente pela extensão das notícias espirituais de Alcíone. Os homens nem sempre percebem o correio celeste, porque, em geral, fala mais alto em seus corações o egoísmo individual, mas esse correio funciona sempre, infalivelmente. O espírito que vigia nos seus deveres e ora nos seus trabalhos, esse descobrirá em todas as situações a notícia da esfera superior.
3 A história de Alcíone, pois, é uma grande carta, que não confortou a nós tão somente, mas consagrada ao serviço de consolo de todos os corações. n Os que se unem com Jesus pertencem-lhe para todos os efeitos e Alcíone viveu a experiência relatada absolutamente unida a ele. E como o Senhor é luz de todos, e pão divino para todos, temo-la transformada em algo de sua claridade eterna, para quantos tenham pais, para os que amem, para os que sofram e que tenham a oficina sagrada do lar. Para cada um, o maravilhoso cristal de seus exemplos terá uma voz diversa, uma advertência particular. A alma pura é o diamante lapidado, cheio de facetas numerosas. Cada uma, porém, reflete o sol com a mesma beleza e o mesmo brilho. Em Alcíone, temos esse diamante espiritual da Eternidade.
4 Não poderia falar a vocês dos reflexos intensos que essa história despertou em setores variados, das alegrias que nos foram concedidas, e das bênçãos que recebemos.
5 Na gratidão divina, o espírito volve ao Criador no grande silêncio, ou conversa com seus irmãos, sem utilizar as palavras. Relembrando essa experiência, filhos, tenhamos o coração como o vaso sequioso de luz universal. Banhemo-nos na doce claridade da realização divina, num grande impulso de amor que purifica, redime, santifica e eleva.
6 Toda luta na Terra, quando vivida na confiança em Cristo, é véspera de redenção. Atrás de nossos passos, ao longo do caminho, ficaram companheiros estropiados que a luz não conseguiu penetrar totalmente. Enviemos a todos um pensamento de paz e prossigamos. À frente de nosso olhar brilha uma grande estrela. Deixemo-nos conduzir por seus raios que aquecem, fortificam e revelam os caminhos necessários. Somos reconhecidos a Jesus, que nos concedeu a dádiva, e a vocês que a receberam, transmitindo-a aos outros, como sagrado depósito.
7 Que o Pai fortaleça e reconforte a todos vocês, nesse elevado esforço de difundir o alimento espiritual, porque, em verdade, esse trabalho atende à fome de inumeráveis corações.
8 As pequenas contrariedades havidas, relativamente à manufatura do serviço em suas fases de lançamento definitivo, devem ser interpretadas por vocês ao modo destas sombras que se fizeram inda há pouco. São espinhos invadindo a seara. Passemos sobre eles, desdobrando-os sob os pés, porquanto mantê-los eretos seria ameaçar a nós mesmos, à maneira de alguém que preferisse a sombra ao invés da luz. Sintamo-nos felizes por contribuir na abertura de canais por onde corra o rio generoso das ideias do Mestre. Reparemos a terra fertilizada e prossigamos na semeadura, quanto seja possível. Acendamos luzes, conservando luzes. Que o Pai abençoe a vocês pelo amor consagrado a esse nobre serviço.
9 Agora, meu caro Rômulo, uma palavra relativamente ao Roberto. Estive com vocês no ingresso ao educandário n e não tenho que dizer ao seu coração de pai senão que o dever foi cumprido como se fazia mister. Era indispensável não se sentimentalizasse na situação em que nos achávamos, porque, em verdade, não seria justo abandonar a juventude inexperiente do Roberto a ambiente corrupto em externatos de duvidosa eficácia. Vocês atenderam à obrigação como se fazia preciso e agora esperemos em Jesus, primeiramente, e nele, Roberto, em segundo lugar. Dentro de meus recursos, tenho procurado reanimá-lo nestes dias de saudade muito amargosa, face à separação do ambiente doméstico, e estou convencido de que não me faltarão energias para ser-lhe útil nos serviços escolares. É a organização da “plumagem espiritual”, indispensável ao seu coração afetuoso e sensível. Saudades, lágrimas, preocupações. No fundo, entretanto, é a necessidade de estabelecer roteiros definitivos da evolução para o melhor e para o Mais Alto.
10 A nossa amiga Engrácia n está presente e pede-me transmita suas lembranças carinhosas aos nossos amigos presentes, em particular.
11 Nossos companheiros outros, que aqui se encontram em nossa companhia, saúdam a vocês, desejando-lhes muita paz espiritual, saúde e felicidades.
12 E agora, meus filhos, é preciso despedir-me, com o boa noite de sempre. Que a tranquilidade de Jesus desça sobre vocês como bênção celestial. Desejando aos nossos amigos muito bem-estar, despeço-me com abraço paternal,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: refere-se aos pais de Maria que, frequentemente, passavam alguns meses na Fazenda - Aurélio de Amorim e Júlia Pêgo de Amorim.
[2] Nota da organizadora: é a que constitui o livro Renúncia.
[3] Nota da organizadora: Rômulo acompanhou Roberto em viagem a Lavras, no Sul de Minas, onde, no Instituto Gammon, fez o curso científico e, ao mesmo tempo, o serviço militar.
[4] Nota da organizadora: refere-se à minha tia-avó, tia da vovó Júlia.