10|02|1943
1 Meus filhos, Deus conceda a vocês, muita paz de espírito e muito boa saúde para o corpo. É natural que me comunique assim sempre com vocês. O ambiente doméstico é lugar dos pais e aqui me encontro sempre que as circunstâncias de minha nova vida permitem. Tenho estado aqui, aliás, mais intensamente nestes dias, em que a gripe do Rômulo atingiu proporções tão sérias. Felizmente, contudo, suas melhoras, meu filho, são hoje mais positivas. Trouxe em minha companhia um velho amigo que aplica passes reconfortantes e curativos em você, enquanto escrevo, traduzindo minha visita afetuosa de sempre. 2 Graças a Deus, não tem faltado medicação espiritual ao seu caso. E, desse modo, tenho satisfação de vê-lo mais animado e mais forte. Não se impressione com os assédios de expressões doentias. Nem veja nisto qualquer sintoma de menor resistência. Pudera! A jornada foi longa e com deslocação integral de todos os processos domésticos de ambientação. Os golpes de ar frio, os gelados de mistura com outras expressões antagônicas, tudo, enfim, deu ensejo a maior devastação, no tocante ao vírus da gripe.
3 Graças à Providência, todavia, nossa mente não permanece na enfermidade, e isto é essencial. Quem se entregue à doença naturalmente residirá com ela nos apartamentos do corpo. Mas quem lhe compreenda as funções educativas ou transformadoras sabe perfeitamente do seu caráter transitório e não lhe permite expansões na zona da alma. Entender semelhantes verdades constitui uma grande realização. Observo que você está mais forte e chego mesmo a aconselhar a cessação do xarope balsâmico da alopatia, logo que se sinta liberto dos resíduos de dor, quase imperceptíveis, na respiração mais profunda. Meu conselho tem, por fim, a preservação contra quaisquer perturbações pequeninas, oriundas da medicação menos simples. A homeopatia é sempre melhor, entretanto, na fase destes dias era necessário introduzir elemento mais ativo e, por isto mesmo, mais violento. A zona enfermiça foi atingida e chegamos, felizmente, ao que desejávamos. Agradeço a Deus as suas melhoras e espero em Jesus que continue fortalecido.
4 Relativamente a você, Wanda, pedi ao receitista amigo lembrar algum elemento novo para o rosto. Espero que o creme indicado venha satisfazer aos nossos desejos. Pode crer, minha filha, que o vovô não descansará enquanto não puder observá-la plenamente tranquila respeito à pele. Isto é natural e passará depressa. Não se preocupe excessivamente.
5 E agora, Roberto, é com você que falarei nestas linhas. Estou satisfeito com a possibilidade de sua localização nova, referentemente aos estudos. Quero que seu coração se sinta como o do mineiro arrojado nas “lavras” de ouro, que enriquecem as mãos e o coração. Não despreze a ferramenta da boa vontade. Aprenda a separar o cascalho inútil nos filões auríferos do aprendizado útil. Atire fora com as pedras e guarde o metal precioso do amor e do bem, com a verdade da realização pessoal e com a boa confiança em você próprio. Aprender a trabalhar é aprender a confiar em si mesmo também.
6 Participo da alegria geral com a visita do Caio Márcio. Veio maior sob todos os pontos de vista. Semelhante observação nos alegra o espírito. Esperamos que ele faça as melhores aquisições de energia neste contato com a natureza campestre. “Velho” amigo, embora tão jovem, sua figura e seu sorriso bom permanecem igualmente em meu culto afetivo.
7 Agora, minha prezada Maria, despeço-me, referindo-me pessoalmente a você. A ideia de trazer os pequenos foi muito útil. Indicar homeopatia para o Carlos Oswaldo, n porém, minha filha, o receitista considerou ser mais justo continuar com as expressões alopatas. Estou a encerrar minha visita afetuosa da noite e, depois de me referir à gripe do Rômulo e aos problemas dos meninos, sinto que é razoável recomendá-los todos a você, ao seu carinho. Seu coração é o da sentinela sempre vigilante e dedicada. Deus esteja com você, minha filha!
8 Reunindo-os num só abraço, cheio de afetuosas saudades, sou o papai que não os esquece,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: Carlos Oswaldo — um primo por parte de mãe, filho de Iacy Pêgo de Amorim Azevedo.
