03|02|1937
1 Meu caro Rômulo, Deus o abençoe.
2 Aproveito os últimos instantes de nossa reunião nesta noite para dirigir ainda a você algumas palavras.
3 Não se preocupe em demasia sobre o derradeiro problema que se apresenta nos serviços sob a sua direção, na questão da tuberculose dos bovinos.
4 Os casos a serem positivados serão excepcionais e raros, porquanto as análises minuciosas conduzirão aos verdadeiros resultados, mas concitam você a defender o seu trabalho.
5 A condição de espírita não lhe priva, meu filho, de fazer a sua defesa sempre que for necessário. O que se torna preciso é saber aliar a energia com a serenidade. Nesse particular, viva sempre com a sua própria consciência.
6 Noto que o estabelecimento que você dirige há tantos anos se ressente lamentavelmente com a falta de novas pastagens. A exiguidade das terras não permite o pleno desdobramento das possibilidades técnicas da Fazenda. Não se desespere, porém. O Governo se lembrará, um dia, das necessidades de organização.
7 Hoje sei opinar com mais base sobre essas coisas. Não se lembra do quanto perdi, em tempo e capital, na nossa criação de galinhas de raça? Tudo era uma questão de necessidade de amplitude, de terras livrando os animais da rotina e da excessiva promiscuidade!
8 Boa noite para todos! Abraço ao Fausto, em virtude do presente que faz à sua mãe de uma nova netinha. n
9 Hoje não toco em nossos assuntos familiares e íntimos. Não quero ver chorar nesta noite a nossa boa Maria.
10 Deus abençoe a vocês,
Arthur
[1] Nota da organizadora: Refere-se ao nascimento de Francisca Marta, ocorrido em 1º de fevereiro de 1937.