1 Numerosos os companheiros que se creem modelos acabados de humanismo. São repositórios vivos da cultura de todos os tempos. Descerram ilimitados horizontes à inteligência e, debruçados sobre publicações, falam de ciência e filosofia, dominando os mais altos conhecimentos.
2 Entretanto, não toleram o mínimo contato com os sofrimentos do próximo.
3 Nada sabem acerca das criaturas que se arrastam, em torno das peças primorosas que pronunciam.
4 Supõem-se líderes de educação e progresso, mas admitem como sendo indignidade para eles o trato pessoal com o homem calejado no trabalho que o alfabeto ainda não alcançou; 5 julgam impropriedade, na altura em que se encontram, qualquer atenção caridosa para com as mães abandonadas em telheiros de angústia; 6 acreditam que lhes é inconveniente assumir responsabilidade na proteção à criança que abordou o Plano físico pelo renascimento considerado ilegal e categorizam por marginais pobres irmãos que tombam na estrada, enfermos e subnutridos…
7 Emitem conceitos profundos, em matéria de espiritualidade e religião, mas desconhecem totalmente os desesperados, os ignorantes, os obsessos, os toxicômanos, as vítimas do aborto, os desempregados, os descrentes, os velhos banidos do lar, os recalcados quase sempre no rumo de penitenciárias ou manicômios, os párias sociais de todas as procedências…
8 Exaltemos a técnica e desenvolvamos o saber, sem os quais a vida terrena jazeria indefinidamente na selva, mas inclinemo-nos na direção dos que carregam fardos mais pesados do que os nossos, honorificando a solidariedade.
9 Penetremos os recessos da psicologia da nossa época, auscultemos os problemas, as aflições, as provas e as necessidades que nos rodeiam, oferecendo o concurso de que sejamos capazes à solução e ao amparo de que careçam nossos irmãos ainda infelizes.
10 Não somos chamados tão somente a viver e aprender, mas também a conviver e auxiliar.
11 Civilização sem amor é subida espetacular para salto nas trevas.
12 Cultura que não guia a retaguarda, por intermédio de compaixão e serviço, é comparável à indiferença do pastor que entrega o rebanho aos lobos da violência.
Emmanuel