09/10/1946
1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz.
2 Desejando-lhes uma viagem feliz, acompanho-lhes os preparativos, formulando votos sinceros para que tudo lhes corra bem. Compreendo que essas excursões, por vezes, exigem certos trabalhos e arranjos mais difíceis, mormente agora, em que tudo constitui obstáculo, tão logo se ponha a criatura fora do lar. Entretanto, a experiência e os valores que ficam representam créditos para a eternidade. Sejam, pois, felizes nesse breve período de afastamento da organização doméstica e que recolham as mais duradouras bênçãos de luz e paz – são os meus desejos.
3 Convém-lhes a pequena provisão de homeopatia amiga, como sempre. Assim como a fonte simples e amorosa do Evangelho vai fornecendo remédios do pensamento a nós todos, assim também o manancial homeopático, puro em suas origens, proporciona-nos avançados recursos para o corpo.
4 Creio não precisar indicar os elementos mais indispensáveis, no entanto, destacaria alguns, tais como: Gelseminum, Eupatorium, Pulsatila, Boldo, Lachesis, Aconitum, Beladona, Arnica, Colocinthes, Ruta, Kali b., Bryonia Alb., Carbo Veg., Ipecacuanha e outros que se adaptam às situações orgânicas complexas como alívio indispensável, no “pronto socorro” à mão. Acredito que vocês ganharão muitíssimo conduzindo esses “bons amigos” num canto.
5 Desejo salientar hoje, em nossa palestra habitual, o apelo do nosso amigo Israel quanto ao propósito de ouvir, novamente, a palavra paterna. n O momento é de testemunhos graves e esse parecer decisivo não deve ser aguardado. Os nossos companheiros da política contemporânea permanecem perante uma prova decisiva, no desdobramento da qual a resolução de cada um se manifestará. Hora laboriosa, cheia de horizontes sombrios, porque a ausência de solidariedade para o bem coletivo constitui pesada nuvem, impedindo a visão do sol da paz, único fator de prosperidade e trabalho construtivos no espaço e no tempo. Em síntese e, confidencialmente, podemos dizer que Minas é um organismo enfermo em vias de operação. Será praticada a cirurgia? Quem arcará com as responsabilidades? Quem se dispõe a cooperar na enfermagem? Perguntas de resposta difícil.
5 Nós, por aqui, defrontados por outros problemas graves e mais complexos por se referirem à nossa iluminação para a eternidade, podemos encarar a paisagem sob outros prismas. Vocês, porém, enquanto aí na esfera carnal, não podem fazer o mesmo. São compelidos a examinar situações, fatos e pessoas, com aspectos diferentes. O nosso venerável amigo não poderia pronunciar-se em momento tão crítico. A prudência impõe-nos silêncio, em determinados instantes, mesmo em se tratando de nossos filhos do coração. Assim, pois, façamos o sorriso da boa concórdia, improvisemos novos recursos de esperança e passemos adiante. É desnecessário dizer-lhes que essa é uma opinião de família em família. Estamos no altar da fé assiduamente para a nossa felicidade e há companheiros nossos que não frequentam ainda semelhante serviço e não podem entender a totalidade e, às vezes, nem parte das questões.
6 A hora é de muita expectativa e, por falar nisso, Rômulo, ainda hoje, permutando a “conversa por vibrações mentais”, ouvi suas ponderações e justifico-lhe as apreensões. Esse Daniel n não é o dos leões. ( † ) Enfim, vamos com o Cristo, para a frente e para o Alto. A existência terrestre é uma grande programação de serviço educativo que realizamos sempre “até certo ponto”. Peço a Jesus para que vocês consigam alcançar a mais alta percentagem. Creia que por aqui sabemos melhor o que vem a ser a caminhada aí na poeira abençoada do mundo. E, por isso mesmo, penetrando-lhe o cerne, reconhecemos a extensão e a complexidade dos óbices a vencer. 7 Graças à Providência, contudo, o julgamento do Alto é muito diverso do dos juízos terrenos e, assim, a misericórdia divina é inesgotável fonte de recursos para nós todos, desde que nos aproximemos de suas águas, com a disposição de aproveitar sinceramente a bênção do Plano superior. Em todas as lutas, consola-nos a certeza de que nos encontramos sob a paternal orientação do Sumo Poder. Podem desabar tempestades, multiplicarem-se as nuvens, ampliarem-se as ameaças, tornar-se mais aflitiva a situação do ambiente. Para alegria de nosso porvir, já descobrimos a porta das ovelhas. ( † ) Sairemos por ela, no campo do espírito, quantas vezes forem necessárias, e tingiremos o doce aconchego da paz legítima que socorre o coração. 8 Os homens inquietos e atormentados estão buscando essa “porta” sem saberem, sem compreenderem. Aos movimentos impulsivos em que se debatem, perseguem-se e ferem-se mutuamente, obrigando-se à despesa de longo tempo para a recomposição das forças que lhes são próprias. Enquanto, porém, não alcançarem a “passagem divina”, caminharão às tontas na superfície da Terra.
9 Que Deus auxilie a eles e a nós. A eles para encontrarem a bênção, a nós para que não venhamos a perdê-la, porque também estamos marchando e não chegaremos à meta programada sem vigilância, esforço e oração.
10 Terminando, desejo-lhes mais uma vez uma viagem muito feliz. Que o Senhor nos siga de perto, sustentando-nos em seu divino amor, são os votos muito sinceros e ardentes do papai muito amigo de sempre,
A. Joviano
[1] Nota da organizadora: em referindo-se a Israel Pinheiro, grande amigo da família Joviano. Ocupou, dentre vários cargos públicos, o de governador do Estado de Minas Gerais, na década de 1970.
[2] Nota da organizadora: penso ser uma referência de vovô Arthur ao Dr. Daniel de Carvalho, grande amigo da família Joviano.