O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de paz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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As dificuldades passarão apressadamente

17/11/1948


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, conferindo-lhes muita paz aos corações.

2 Com a minha visita afetuosa, venho cumprimentar o Rômulo pelo êxito obtido. Estou satisfeito com a fase número um do trabalho e sigo-lhe os passos, meu filho, no sentido de garantir-lhe, quanto me for possível, o clima interior de bom-ânimo. Há situações em que a nossa melhor atitude é a de rendição da vontade ante os desígnios superiores aos nossos. O dentista, realmente, é um homem importante em nossa caminhada terrestre e chega sempre um momento em que devemos requisitar-lhe a colaboração eficiente e decidida.

3 Sinto-me deveras contente com o seu bom humor e serenidade. Aliás, você possui em Maria a enfermeira ideal e note que ela tem toda razão incentivando a solução desse problema. Estou convencido de que a sua saúde, em geral, lucrará bastante com a remoção definitiva de certos núcleos permanentes, mantenedores de focos infecciosos, prejudiciais à harmonia comum do campo físico. O seu trabalho nesse sentido é muito precioso e oportuno.

4 Você poderá repetir as mesmas indicações anteriores e contra as dilacerações naturais dos tecidos volte à Arnica e à Beladona. A medicação é salutar e valiosa. As dificuldades passarão apressadamente. Ampare-se com a paciência e caminhemos. Sua atitude mental nos auxiliou muito, permitindo-nos mais extenso concurso no caso e estamos empenhados em que o seu riso de calma nos faculte ensejo à desejável cooperação até o fim da pequena luta começada.

5 Temos visitado o nosso amigo General Aurélio e diversos companheiros se conservam ao lado dele, em continuado trabalho assistencial. Embora valoroso e resistente, sabendo disfarçar o rigor da batalha como raros soldados em pleno combate, sente-se, no fundo, um tanto triste e desencantado. É razoável e compreensível. 6 Espírito operoso e liberal, habituado a servir incessantemente em favor da comunidade em que se integra, não se acostumaria assim, de um dia para outro, à prisão espiritual e física em que se sente. A sua lucidez é prodigiosa e ele pode aquilatar, passo a passo, as dificuldades da ciência terrena quanto à restituição de seu aparelhamento orgânico à normalidade e sofre, à maneira do passado engaiolado, saudoso do seu clima de liberdade, sempre bem aproveitado a benefício de todos. 7 Temos, porém, buscado reerguer-lhe as energias quanto possível. Lá estive em companhia dele, anteontem, e pude observar como sempre grande movimentação de companheiros de nossa esfera junto ao seu coração. Confortamo-lo, em espírito, quanto era possível ao círculo limitado de nossas possibilidades e, através do sono, sem que ele nos registrasse as palavras, desenvolvemos todos os processos de reconforto, alimentando-lhe a fonte de serenidade e resignação. 8 Vocês sabem, contudo, que um espírito da estirpe da dele tem sua rota própria e suas diretrizes particulares, com metas definidas. Graças a Deus, ele é suficientemente valoroso para suportar os obstáculos que lhe inibem a ação de outro tempo e isso representa meio caminho percorrido para a vitória. Os conflitos interiores, no entanto, alteram-lhe de algum modo os centros cerebrais e o sistema nervoso, criando posição melindrosa ao curso sanguíneo. Esperemos, porém, na bondade do Alto. 9 No fundo, o nosso amigo tem muita razão, embora não devamos proceder para com ele noutro sentido, levantando-lhe o padrão de forças gerais. Convém-lhe, sobretudo, o estímulo – resistência à fortaleza. Combater a tristeza é melhorar o clima interior, clareando-lhe os ângulos, mas, francamente, o homem que aprendeu a criar, a trabalhar e a servir muito dificilmente se afeiçoará à poltrona, ainda mesmo por tempo reduzido.

10 A permanência de Wanda no Rio durante os dias últimos foi muito agradável para mim. É um conforto, sempre que possível, vê-los mais juntos, ainda que de um a um. A alegria do General é muito grande, porque vocês sabem quanto se sente preso pelo coração ao templo doméstico que Maria soube santificar.

11 Minhas saudações muito afetuosas ao nosso estimado amigo Chico, a quem desejo muita paz e felicidade. n Em nossa reunião de hoje, comparece um irmão de ideal, o Mata Simplício, desencarnado há tempos num desastre em Belo Horizonte, que muito se interessa pela marcha do Abrigo Jesus. Ele pede ao Chico não deixar a instituição, dando-lhe todo apoio de que possa dispor, mormente no que se refere ao tempo, de vez que o abrigo requisita dedicações cada vez maiores e mais intensivas. 12 Ele declara referir-se ao assunto por vários companheiros de luta e assevera que acima da cooperação material, num campo dessa natureza, o concurso espiritual de assistência fraterna é sumamente precioso. Acredite, meu caro Guimarães, que um serviço dessa natureza é igual à matrícula valiosa em uma universidade perante a vida em que os precedi. 13 Não é bom que a criatura venha bater às portas do “outro mundo” sem raízes nas obras espirituais de amor à humanidade, porque somente assim, funcionando numa coletividade de benefícios gerais, consegue a intercessão espontânea de benfeitores de cá, por livrar-se de surpresas desagradáveis. Uma atividade espiritualizante na vida carnal é uma ficha de valor inestimável para a terra diferente a que somos chamados. Ligue seu coração às órfãs e às obras da venerável instituição que você tem ajudado tanto e não se arrependerá. Chegará o tempo em que a instituição, as órfãs e as obras do bem darão resposta mais viva ao seu esforço. Que Jesus o fortaleça e abençoe sempre.

14 Por hoje, penso que me cabe o ponto final.

Minhas lembranças a todos e reunindo-os num grande abraço de saudade, carinho e gratidão, sou o papai muito amigo que não os esquece,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: Vovô Arthur se refere a Francisco Guimarães, grande amigo da família Joviano, residente em Belo Horizonte.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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