Reunião pública de 18-4-1960.
Questão n.º 166.
1 Quando te detenhas na apreciação da mediunidade falante, pensa na maravilha do verbo, recordando que todos somos médiuns da palavra.
2 A glote vocal pode ser comparada a harpa viva em cujas cordas a alma exprime todos os cambiantes do pensamento. E sendo o pensamento onda criadora a integrar-se com outras ondas de pensamento com as quais se harmoniza, a fala, de modo invariável, reflete o grupo moral a que pertencemos.
3 Veículo magnético, a palavra, dessa maneira, é sempre fator indutivo, na origem de toda realização.
4 Com ela, propagamos as boas obras, acendemos a esperança, fortalecemos a fé, sustentamos a paz, alimentamos o vício ou nutrimos a delinquência. E isso acontece, porque, em verdade, nunca falamos sozinhos, mas sempre retratamos as influências da sombra ou da luz que nos circulam no âmbito mental.
5 Toda vez que ensinamos ou conversamos, nossa boca assemelha-se a um alto-falante, em conexão com o emissor da memória, projetando na direção dos outros não apenas a resultante de nossas leituras ou de nossos conhecimentos, mas igualmente as ideias e sugestões que nos são desfechadas pelas criaturas encarnadas ou desencarnadas com as quais estejamos em sintonia.
6 Não menosprezes, portanto, o dom de falar que nos facilita a comunhão com os outros seres.
7 Guarda-o na luz do respeito e da justiça, da bondade e do entendimento, sem olvidar que atitude é alavanca invisível de ligação.
8 Através de nossos conceitos orais, o pessimismo é porta aberta ao desânimo, o sarcasmo é corredor rasgado para a invasão do descrédito, a cólera é gatilho à violência, o azedume é clima da enfermidade e a irritação é fermento à loucura.
9 Desse modo, ainda que trevas e espinheiros se alonguem junto de ti, governa a própria emoção, e pronuncia a palavra que instrua ou console, ajude ou santifique. Mesmo que a provocação do mal te instigue à desordem, compelindo-te a condenar ou ferir, abençoa a vida, onde estiveres.
10 A palavra vibra no alicerce de todos os males e de todos os bens do mundo.
11 Falando, o professor alça a mente dos aprendizes às culminâncias da educação, e, falando, o malfeitor arroja os companheiros para o fojo do crime.
12 Sócrates falou e a visão filosófica foi alterada.
13 Jesus falou e o Evangelho surgiu.
14 O verbo é plasma da inteligência, fio da inspiração, óleo do trabalho e base da escritura.
15 Todos somos medianeiros daqueles que admiramos e daqueles que ouvimos.
16 Aprendamos, assim, a calar toda frase que malsine ou destrua, porque, conforme a Lei do Bem promulgada por Deus, toda palavra que obscureça ou enodoe é moeda falsa no tesouro do coração.
Emmanuel