O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Seara dos médiuns — Emmanuel


22

Muito desejo

Reunião pública de 18-3-1960.

Questão n.º 220 - § 15.º


1 Médium quer dizer “intermediário”.

2 Intermediário define a posição daquele que se põe de permeio.

3 E muitos amigos encarnados, aspirando ao contato com as Esferas Superiores, costumam dizer que sentem muito desejo de ser médiuns.

4 Há inúmeros que se propõem instruir e escrever, falar e materializar, aliviar e consolar, em nome dos Mensageiros da Luz; entretanto, não passam da região do “muito desejo”.

5 Mentalizemos, contudo, alguns quadros comuns em que a pessoa descansa nesse impulso de início.


6 Existe o lavrador que tem muito desejo de semear; entretanto, passa a existência discutindo teorias da agricultura, ou comentando algo em torno das pragas diversas que flagelam a lavoura, e espera indefinidamente o instante de plantar, como se a terra devesse deslocar-se para colher-lhe as sementes das mãos.


7 Encontramos o oleiro que mostra muito desejo de fabricar um vaso de eleição, mas consome o tempo falando nas dificuldades da cerâmica ou nos perigos do forno quente, e aguarda em constante expectativa a hora de modelar, como se a argila estivesse na obrigação de buscar-lhe os dedos.


8 Imaginemos o trabalhador que enunciasse muito desejo de cooperar em determinada oficina, e que, aí admitido, simplesmente vivesse a policiar a atitude e o movimento dos chefes e companheiros, qual se pudesse cumprir o próprio dever à custa da observação inoperante que ninguém lhe pediu.


9 Pensemos no aluno que chegasse à escola com muito desejo de aprender e que não manuseasse, sequer, um livro, qual se o professor pudesse pregar-lhe a lição na cabeça, como quem dependura um cartaz no poste.


10 Se aspiras a colaborar na obra dos Espíritos Benevolentes e Sábios, colocando-se entre eles e os irmãos encarnados, é possível não possas, de imediato, partilhar a sinfonia dos grandes feitos humanos, mas podes brilhar na tarefa mais alta de todas, a expressar-se no concerto do bem puro, consolando e construindo, amparando e esclarecendo, educando e amando…

11 Para isso, porém, não basta o muito desejo…
É preciso reverenciar o serviço, buscar o serviço, disputar o serviço e abraçar o serviço com espírito de renúncia em favor do próximo.

12 Muitos dizem que farão isso amanhã. Realmente, amanhã é o tempo glorioso de nome porvir, destinado a marcar o coroamento e a vitória, a colheita e a alegria…

13 Entretanto, segundo velho rifão, em muitos casos “amanhã é o caminho que vai dar no deserto chamado nunca”.


Emmanuel


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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