Reunião pública de 15-1-1960.
Questão n.º 30.
1 No trato da mediunidade, não andemos à cata de louros terrestres, nem mesmo esperemos pelo entendimento imediato das criaturas.
2 Age e serve, ajuda e socorre sem recompensa.
3 Recordemos Jesus e os fenômenos do Espírito.
Ainda criança, ele se submete, no Templo, ( † ) ao exame de homens doutos que lhe ouvem o verbo com imensa admiração, mas a atitude dos sábios não passa de êxtase improdutivo.
4 João Batista, o amigo eleito para organizar-lhe os caminhos, depois de vê-lo nimbado de luz, em plena consagração messiânica, ante as vozes diretas do Plano Superior, ( † ) envia mensageiros ( † ) para lhe verificarem a idoneidade.
5 Dos nazarenos que lhe desfrutam a convivência, apenas recebe zombaria e desprezo.
6 Dos enfermos que lhe ouvem o sermão do monte, buscando tocá-lo, ansiosos, na expectativa da própria cura, não se destaca um só para segui-lo até à cruz.
7 Dos setenta discípulos ( † ) designados para misteres santificantes, não há lembrança de qualquer deles, na lealdade maior.
8 Dos seguidores que comeram os pães multiplicados, ninguém surge perguntando pelo burilamento da alma.
9 Dos numerosos doentes por ele reerguidos à bênção da saúde, nenhum aparece, nos instantes amargos, para testemunhar-lhe agradecimento.
10 Nicodemos, que podia assimilar-lhe os princípios, procura-lhe a palavra, na sombra noturna, sem coragem de liberar-se dos preconceitos. ( † )
11 Dos admiradores que o saúdam em regozijo, na entrada triunfal em Jerusalém, ( † ) não emerge uma voz para defendê-lo das falsas acusações, perante a justiça.
12 Judas, que lhe conhece a intimidade, não hesita em comprometer-lhe a obra, diante dos interesses inferiores. ( † )
13 Somente aqueles que modificaram as próprias vidas foram capazes de refleti-lo, na glória do apostolado.
14 Pedro, fraco, fez-se forte na fé, e, esquecendo a si mesmo, busca servi-lo até à morte.
15 Maria de Magdala, tresmalhada na obsessão, recupera o próprio equilíbrio e, apagando-se na humildade, converte-se em mensageira de esperança e ressurreição.
16 Joana de Cusa, amolecida no conforto doméstico, olvida as conveniências humanas e acompanha-lhe os passos, sem vacilar no martírio.
17 Paulo de Tarso, o perseguidor, aceita-lhe a palavra amorosa e estende-lhe a Boa-Nova em suprema renúncia.
18 Não detenhas, assim, qualquer ilusão à frente dos fenômenos medianímicos.
19 Encontrarás sempre, e por toda parte, muitas pessoas beneficiadas e crentes, como testemunhas convencidas e deslumbradas diante deles; mas, apenas aquelas que transfiguram a si mesmas, aperfeiçoando-se em bases de sacrifício pela felicidade dos outros, conseguem aproveitá-los no serviço constante em louvor do bem.
Emmanuel